(Carlos Rhienck/Hoje em Dia)
O futuro da economia está no potencial de consumo feminino. Estimativas do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) apontam que as mulheres são responsáveis por 64% das decisões de compra, o que equivale a US$ 20 trilhões por ano em todo o mundo. E já nos próximos cinco anos, o montante deve saltar para US$ 28 trilhões anuais. Embora os números sejam mais que eloquentes, apenas um pequeno grupo de agentes do setor financeiro latino-americano enxerga as mulheres como um segmento com demandas específicas. A maioria dos bancos ainda teria um longo caminho a percorrer para explorar plenamente as oportunidades oferecidas pelo gigantesco poder econômico feminino. O alerta às instituições financeiras parte da chefe da Divisão de Mercados Financeiros do BID, Gema Sacristan, para quem “o futuro dos bancos se escreve com M de mulher”. “Bilhões de mulheres entrarão na economia formal nos próximos anos. E essa economia feminina representa um mercado com mais potencial, inclusive, que o da China”, diz. Segundo Gema, a América Latina é uma das regiões com menor público feminino entre os clientes bancários. Os bancos não teriam reconhecido ainda o fato de que as mulheres são proporcionalmente as que mais obtêm títulos universitários na região e também as mais empreendedoras. Para a executiva, metade da população não pode ser considerada simplesmente um nicho. Pesquisas do BID atestam que as mulheres são melhores pagadoras do que os homens, oferecem menos risco para os bancos, compram mais produtos financeiros e têm maior taxa de fidelidade. Por essas e outras, elas querem mais. Segundo o Banco Interamericano, a mulher gosta de ser atendida por mulheres e admira as instituições que empregam trabalhadoras. Hoje no posto de sócia do escritório mineiro da PricewaterhouseCoopers (PwC), uma das maiores consultorias do mundo, Myrian Moutinho já foi esnobada para um emprego em um banco pelo simples fato de estar noiva. “Me fecharam a porta porque poderia casar e ter filhos. É um pensamento retrógrado, que não encontra mais espaço no mercado de hoje”, diz ela, mãe de gêmeas de 4 anos e de um garotinho de 6. Myrian afirma que nunca um banco ofereceu algo especial para ela.