O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, informou na quinta-feira, 5, que a instituição vai estender para 2014 o programa de venda de contratos de câmbio, iniciado em agosto com o objetivo de conter a alta do dólar. "Informo que, com alguns ajustes, o BC estenderá o programa de oferta de hedge cambial no futuro", disse. "Em 2014, o BC não sairá de cena do mercado cambial."
Mesmo sem mais detalhes, a declaração de Tombini ajudou a interromper uma sequência de sete altas do dólar em relação ao real. No final da sessão de ontem, a moeda americana fechou em queda de 1,09%, cotada a R$ 2,3630. Na visão de analistas, o presidente do BC minimizou o risco de uma disparada do dólar em face da possibilidade cada vez mais premente de o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) reduzir os estímulos à economia dos EUA.
De acordo com Tombini, que participou de evento da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), o BC "tem atuado e oferece proteção cambial a agentes econômicos e liquidez a mercados", o que está relacionado com a volatilidade dos mercados internacionais, especialmente com a variação da curva de juros futuras em países desenvolvidos, como os EUA. "Autoridades podem agir para mitigar efeitos da volatilidade nos mercados financeiros", disse.
O presidente do BC disse também que, este ano, o sistema financeiro seguiu avançando no desenvolvimento do mercado de crédito. Ele reconheceu que há uma tendência de moderação na liberação de financiamentos, mas ressaltou que, até 2014, a tendência é de crescimento no crédito.
Segundo ele, essa moderação no crédito exige um aprimoramento do processo de concessão, com a liberação de uma modalidade mais segura. Ele reiterou que neste ano ficou mais uma vez provada a solidez do sistema financeiro nacional, que resistiu à volatilidade decorrente da crise da economia americana e do câmbio, sem que houvesse nenhum indício de estresse no sistema.
Tombini destacou também a adoção da regulamentação prudencial e do acordo de Basileia 3. Segundo ele, a adoção de Basileia 3 se deu a partir de 1.º de outubro deste ano e segue os padrões do acordo internacional que terá início em 2022. "Basileia 3 melhora a aferição da exposição a risco, a qualidade e a quantidade de capital", disse.
Mas ele ressaltou que há desafios para o setor financeiro, que não são necessariamente novos. O financiamento de médio e longo prazos é um deles. "É um tema presente na nossa agenda há alguns anos e é justo ressaltar que algum progresso já foi alcançado. Mas, neste momento em que o investimento em infraestrutura é alçado ao nível máximo de prioridade, e que há várias importantes iniciativas em curso, é essencial intensificarmos nossos esforços para que o setor financeiro como um todo, e o segmento bancário em particular, possa se engajar ainda mais e, com segurança, participar dessa oportunidade." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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