O Comitê de Política Monetária (Copom) deixou a porta aberta, na quarta-feira (07) à noite, para apertar a política monetária em breve, mas a primeira reação pode não ser com os juros. A avaliação é do estrategista do Citibank na capital britânica, Luis Costa. Para ele, é possível que a autoridade monetária use instrumentos como as medidas macroprudenciais antes de um aumento da taxa básica, que aconteceria em seguida.
"Bancos centrais de muitos mercados emergentes têm usado cada vez mais esse instrumento e acho que a primeira reação poderia ser com medidas macroprudenciais. Assim, o Brasil poderia usar uma estratégia semelhante à vista no leste europeu ou na Turquia, países que continuam com o juro como ferramenta principal, mas há o uso de outros instrumentos", diz Costa.
No passado, o BC brasileiro já usou medidas macroprudenciais como ferramenta de política monetária. Nesses casos, as operações de crédito foram incentivadas ou contidas por meio de mudanças como a exigência de mais ou menos capital dos bancos para determinados empréstimos.
Independentemente de ser via macroprudenciais ou o clássico aumento do juro, Costa avalia que o comunicado divulgado na quarta-feira (07) pelo BC revela que essa reação acontecerá em breve. "Embora o comunicado não tenha trazido um viés explicito, o viés está implícito. É justamente isso que está sendo colocado nesta manhã no preço do DI", diz. "Apesar de as perspectivas para a inflação apontarem para uma melhora no 3º e 4º trimestres, infelizmente a sensação do mercado é de que o BC ficou atrás da curva e, agora, vai correr para corrigir isso."
Para o economista, o comportamento da inflação nas próximas semanas e o desenrolar da economia global determinarão quando essa possível reação do BC acontecerá. "O mercado já fala que poderia ser em duas ou três reuniões. Não descarto esse cenário. Com o comunicado de ontem, acredito que será difícil desafiar esse cenário", diz.
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