BC projeta déficit de US$ 10,8 bi para janeiro, acima do recorde atual

Agência Estado
23/01/2015 às 13:36.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:46

O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel, disse nesta sexta-feira (23), que o saldo das transações correntes deve encerrar janeiro com um déficit de US$ 10,8 bilhões, puxada pelo setor de serviços. "Janeiro é um ano sazonalmente negativo", justificou. O mês, apontado por ele como "fraco", deve, contudo, terminar com um desempenho melhor que o do mesmo mês de 2014. "É um mês mais fraco, no ano passado tivemos um déficit de US$ 11,6 bilhões", disse.

O BC projetou um volume de US$ 3,2 bilhões em Investimentos Estrangeiros Diretos (IED) para o mês de janeiro de 2015. "Os dados parciais até o dia 21 de janeiro registram o ingresso de US$ 2,1 bilhões", disse.

Maciel avaliou a entrada de US$ 64,5 bilhões em IED no ano passado como "dentro da expectativa" do BC, que esperava algo próximo de US$ 63 bilhões. "O IED manteve um patamar, um fluxo elevado, praticamente o mesmo de anos anteriores e de uma forma bastante disseminado entre os segmentos", disse.

Segundo ele, os recursos externos com entrada no Brasil em 2014 mantiveram a padrão "qualitativo" de anos anteriores. "O capital que ingressa se incorpora à atividade produtiva, gera renda, salários e lucros", disse.

De acordo com Maciel, a tendência é o IED "continuar vindo de forma bastante elevada" em 2015, em função das taxas de rolagem favoráveis. "As taxas de rolagem encerraram 2014 acima de 150%. Em 2013, tinha sido abaixo de 100%", comparou.

Despesas com Serviços

De acordo com Maciel, a alta das despesas de serviços nas contas externas foi moderada, uma elevação de 3,3% frente a 2014. Ele lembrou ainda que entre 2013 e 2012 havia sido maior, cerca de 15%. Essa desaceleração, segundo ele, se explica em parte por transportes, que recuaram 8,6% em 2014. "Desde 2002 não observamos um recuo nas despesas de transportes", disse. "Elas refletem as correntes de comércio, fluxo de importação e exportação", explicou.

Remessas

Maciel afirmou ainda que as remessas de lucros e dividendos recuou 9% na comparação entre 2014 e 2013 em função da menor atividade econômica no Brasil e da alta do dólar, que subiu 13% frente ao ano anterior.

Ele explicou ainda que o saldo de rendas ficou bem próximo de 2013. As despesas com juros, segundo Maciel, tiveram queda "muito pequena", de 1%. As remessas, nas mesma base de comparação, apresentaram crescimento de 2%. "A gente vê que esse acréscimo refletiu um menor volume de ingressos de receitas", observou. "Apesar do crescimento do estoque de IED, as remessas respondem muito à atividade econômica. A alta do dólar é um segundo componente.

Dívida externa

Para a dívida externa brasileira em dezembro de 2014 a estimativa é de US$ 347,621 bilhões. Em setembro de 2014, último dado verificado, a dívida estava em US$ 338,364 bilhões. No fim de 2013, ficou em US$ 308,625 bilhões.

A dívida externa de longo prazo atingiu US$ 293,008 bilhões em dezembro, enquanto o estoque de curto prazo estava em US$ 54,614 bilhões no fim do mês passado, segundo estimativas do BC. No fim de 2013, o estoque estava dividido em US$ 276,071 bilhões de longo prazo e US$ 32,604 bilhões de curto prazo.

Copa

O economista afirmou ainda que se não fosse a Copa do Mundo do ano passado, haveria recuo no gasto de estrangeiros no Brasil frente a 2013. Em 2014, as despesas com viagens de turistas de fora do País somaram US$ 6,914 bilhões. Ele lembrou que a estimativa de impacto da Copa nas contas externas era de algo ao redor de US$ 1 bilhão.
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