A segurança das operações de financiamento para aquisição de imóveis no Brasil está em níveis "confortáveis", avaliou Sérgio Odilon dos Anjos, chefe do Departamento de Regulação do Sistema Financeiro do Banco Central (BC). Segundo ele, os principais indicativos são a inadimplência inferior a 2,0% e o loan to value (LTV, que mostra a fatia do financiamento em relação ao valor total do imóvel) na faixa de 70%. "Seguimos em níveis bastante confortáveis. E alinhados aos melhores padrões internacionais", disse durante sua participação em evento sobre crédito imobiliário organizado pela Associação Brasileira de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).
Odilon estima que há espaço para crescimento do crédito imobiliário no País, tendo em vista que sua participação diante do Produto Interno Bruto (PIB) é de apenas 7,5%, patamar abaixo do verificado em outras economias emergentes. "Espera-se que o crédito imobiliário siga em trajetória de crescimento, dada a sua baixa representatividade em relação ao PIB".
Odilon mencionou que está sendo estudada pelo BC uma série de medidas sobre portabilidade dos financiamentos, com o objetivo de aumentar a eficiência das operações, o que também poderá incentivar a redução dos spreads bancários e dar um alívio ao endividamento das famílias compradoras de imóveis.
Outro ponto em estudo, segundo ele, é a introdução das Letras Financeiras Imobiliárias (LFI) no mercado, que funcionarão de maneira semelhante aos covered bonds europeus e serviria como um instrumento adicional para compor o funding do crédito imobiliário, cuja origem atualmente está concentrada nas cadernetas de poupança e no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
"Ainda que o crescimento dos depósitos em poupança tenha afastado o receio de esgotamento do funding, é preciso buscar alternativas para o médio e longo prazos", afirmou, acrescentando que o Banco Central apoia iniciativas que visem dar maior segurança ao setor e ampliar a oferta de funding.
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