O Banco Central Europeu (BCE) manteve nesta quinta-feira a taxa básica de juros em 0,75%, mantendo os custos de empréstimos em mínimas históricas, à medida que a zona do euro provavelmente se dirige para uma recessão. Pouco depois, o presidente da instituição, o italiano Mario Draghi, observou que a economia da zona do euro continuou fraca no terceiro trimestre deste ano.
"Indicadores econômicos, em especial os resultados de pesquisas qualitativas, confirmam a continuação da fraca atividade econômica no terceiro trimestre de 2012, em um ambiente caracterizado pela alta incerteza", disse ele em discurdo proferido em Luibliana.
Draghi aponta que o PIB da zona do euro teve contração de 0,2% no segundo trimestre, em relação ao primeiro trimestre, após o crescimento zero nos três primeiros meses do ano. Ele diz ainda que a economia deve continuar fraca e que a zona do euro vai se recuperar apenas muito gradualmente.
O presidente da autoridade monetária explica que as ações adotadas pelo BCE impulsionam o crescimento, mas a atividade econômica é prejudicada pelos processos de ajuste nos balanços patrimoniais de empresas dos setores financeiro e não financeiro, além das altas taxas de desemprego e da recuperação desigual dentro do bloco.
"Os riscos para a projeção econômica para a zona do euro continuam a ser de baixa. Eles estão relacionados, em especial, às atuais tensões em vários mercados financeiros da zona do euro e o potencial contágio para a economia real. Esses riscos deveriam ser contidos por ações efetivas de todos os elaboradores de políticas na zona do euro", comenta Draghi.
Pacto fiscal - "Uma implementação rápida do pacto fiscal também terá um grande papel no fortalecimento da confiança na solidez das finanças públicas", afirmou Mario Draghi, acrescentando que as reformas estruturais são tão essenciais quanto os esforços de consolidação fiscal e as medidas para melhorar o funcionamento do setor financeiro.
Segundo ele, nos países mais fortemente afetados pela crise, um progresso notável está sendo feito na correção do custo unitário da mão de obra e os desdobramentos em conta corrente. Reformas decisivas no mercado de trabalho melhorarão mais a competitividade desses países e sua capacidade para ajuste.
Inflação - Draghi também afirmou hoje que a inflação na zona do euro deve permanecer acima de 2% em 2012, devido a aumentos nos preços do setor de energia e em impostos indiretos em alguns países do bloco. Foi por isso que a instituição manteve hoje sua taxa básica de juros inalterada em 0,75%, em uma decisão unânime.
Segundo ele, a inflação deve cair abaixo de 2% em 2013 e ficar em linha com o conceito de estabilidade de preços ao longo do horizonte relevante para a política monetária. "As expectativas de inflação na zona do euro continuam firmemente ancoradas em linha com a nossa meta de manter a inflação abaixo mas perto de 2% no médio prazo", disse Draghi.
O presidente comentou ainda que o crescimento econômico na zona do euro deve permanecer fraco, em meio às tensões em alguns mercados financeiros do bloco e à alta incerteza, que pesa sobre a confiança de consumidores e empresas. As informações são da Dow Jones.
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