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Belo Horizonte é a capital onde a cesta básica teve maior alta em setembro

Hermano Chiodi
hcfreitas@hojeemdia.com.br
Publicado em 14/10/2022 às 07:00.
Batata e banana, itens básicos no carrinho de supermercado da maioria dos trabalhadores, foram os itens que mais subiram (Valéria Marques)

Batata e banana, itens básicos no carrinho de supermercado da maioria dos trabalhadores, foram os itens que mais subiram (Valéria Marques)

Belo Horizonte é a capital que registrou o maior aumento da cesta básica em setembro entre as 17 cidades pesquisadas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). A alta dos produtos de consumo básico para os belo-horizontinos chegou a 1,88% na comparação com agosto.

 A capital mineira está na contramão da maioria das cidades pesquisadas. Em 12 das 17 houve queda nos preços. Além de Belo Horizonte, apenas Campo Grande (1,83%), Natal (0,14%), São Paulo (0,13%) e Florianópolis (0,05%) registraram aumentos. Contudo, o Dieese destaca que, quando a comparação nos preços é ampliada para o período de 12 meses, todas as capitais pesquisadas registraram aumentos. 

No período de 12 meses, os belo-horizontinos amargam uma alta de 11,59% no preço da cesta básica – acima da inflação que soma 7,17% de setembro de 2021 ao mesmo mês deste ano.

Vilões e mocinhos
Os vilões do aumento na capital mineira foram a banana, com alta de 27,8%, e a batata, com 20,1% de aumento nos preços. Em contrapartida, alguns alimentos deram alívio no bolso dos consumidores. O leite integral – que vem de meses com valores nas alturas – caiu 16,39% e o óleo de soja, com queda de 0,86%, são exemplos destacados pelo Dieese de produtos que reduziram de preço em Belo Horizonte.

A economista Mafalda Valente, professora das Faculdades Promove, afirma que a variação de safra é o que explica grandes quedas em alguns produtos, enquanto outros registram altas significativas.

“Alta de preço de alimentos agora é justificado mais por problemas de safra e entressafra. Por outro lado, alguns produtos, como o leite e derivados (manteiga), têm o preço influenciado para baixo, pois estamos iniciando o momento de safra, ou seja, de maior produção nas fazendas, por causa de chuva e pastagem”, destaca.

Tempo de trabalho
E se a cesta básica fica mais cara, sem que o salário mínimo aumente, o trabalhador precisa gastar mais tempo de sua jornada para adquirir os produtos. Em setembro, foram necessárias 118 horas e 14 minutos de trabalho para pagar pelos itens que compõem a cesta. Número menor do que o registrado em agosto, de 119 horas e 8 minutos e maior que o de setembro de 2021 – 115 horas e 2 minutos.

Apesar do aumento em setembro, a capital mineira ainda não está entre as capitais com a cesta básica mais cara. O valor de R$ 650,16 – que equivale a 57,99% de um salário mínimo – é o décimo mais caro do país. A capital com o preço mais alto é São Paulo, onde uma cesta básica custa R$ 750,74, o equivalente a 66,96% de um salário mínimo.

Salário ideal
A pesquisa do Dieese também mostra qual seria o valor do salário mínimo ideal para que o trabalhador e sua família tivesse acesso a condições básicas de sobrevivência. 

Em setembro, a remuneração deveria ser de R$ 6.306,97. Foi o primeiro aumento no valor do salário mínimo ideal após quatro meses de queda. Em agosto, o valor calculado pelo Dieese era de R$ 6.298,91. 

Inflação dos alimentos
Os alimentos seguem caminho contrário ao de outros produtos que têm puxado os preços para baixo nos últimos três meses. De acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo IBGE e utilizado como referência pelo governo federal, a inflação no Brasil registrou desaceleração de 0,29% em setembro.
 
O fato chegou a ser comemorado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) durante discurso em Belo Horizonte nesta quarta-feira (12), durante evento religioso em uma igreja evangélica da capital. “Vencemos uma pandemia e vencemos uma guerra lá fora onde o mundo inteiro sofreu com aumento de preços. Nós também sofremos, mas nos recuperamos rapidamente”, comemorou.

Mas essa desaceleração ainda não chegou nos alimentos que, no ano, ainda acumulam alta de 9,12%, segundo o IBGE. A economista Mafalda Valente explica que os preços dos alimentos são influenciados por fatores específicos e, por isso, às vezes seguem caminhos diferentes de outros produtos. 

“Além da questão da safra, há outros fatores. O efeito da queda no preço dos combustíveis, que puxou o preço de vários produtos para baixo, pode demorar um pouco para chegar aos alimentos. O combustível diminuir hoje, não terá impacto imediato nos alimentos e pode justificar essa diferença no preço da cesta básica na comparação com a inflação geral”, explica.

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