(André Brant)
A 4ª edição brasileira da “Black Friday” faturou R$ 390 milhões das 0 hora até às 17 horas de sexta-feira (29), segundo balanço parcial da E-Bit, empresa especializada em informações do comércio eletrônico. A previsão é atingir quase R$ 500 milhões em vendas, praticamente o dobro do montante faturado em 2012. O resultado final será divulgado na segunda-feira.
O sucesso financeiro, entretanto, não ofuscou a insatisfação dos consumidores. O site “Reclame Aqui” informou que as três empresas que lideram a lista de queixas feitas sobre a “Sexta Negra” acumularam mais reclamações em apenas seis horas do que ao longo de todo o ano. Até a tarde de sexta, as queixas somavam quase 2 mil.
No endereço eletrônico ou nas redes sociais, as reclamações de “maquiagem” de preço serviram de inspiração para apelidos do evento: “Black Fraude”, “Black Fria”, “Friday Fiasco” e “Black Mentira”.
Muitos internautas denunciaram lojas que aumentaram os preços dos produtos para, ao entrar na promoção durante a Black Friday, o desconto parecer maior, golpe amplamente denunciado na edição do ano passado. Sites fora do ar, lentidão e o sistema de cobrança das lojas virtuais, que não incluía o descontão anunciado no preço final do produto assim que o consumidor finalizava a compra, também apareceram entre os problemas apontados.
“Foram mais de um milhão de pedidos pela internet em apenas um dia. Para se ter ideia, no primeiro semestre inteiro foram 35 milhões. As reclamações existem, mas, diante do volume de compras, não estão fora do normal”, defendeu o executivo de negócios da E-Bit, Antônio Pinto.
Os argumentos não convencem a Proteste. Conforme a associação de defesa dos consumidores, a instituição comprovou na prática o que já previa: as empresas participantes da Black Friday, tanto lojas virtuais como físicas, atraíram os consumidores com ofertas, mas inflaram os preços de seus produtos que ficaram fora da promoção. “É importante que sejam denunciadas às entidades de defesa do consumidor as lojas que cobraram preços mais altos na promoção, para ajudar a subsidiar a documentação sobre os que estão lesando os consumidores”, disse a coordenadora institucional Maria Inês Dolci.
Mas a data não foi só de lamentação. Muitos consumidores conseguiram pagar menos. No bar Redentor, na Savassi, o sócio Daniel Ribeiro cortou pela metade o preço do chope – de R$ 5,90 por R$ 2,45. “É uma ação para movimentar a casa e agradar a clientela”, disse.
Nova data do varejo nacional
Para o vice-presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), Davidson Cardoso, o Black Friday precisa recuperar a credibilidade para entrar definitivamente para o calendário do varejo nacional.
Segundo ele, a “Sexta Negra” brasileira ainda é muito concentrada na Internet. Com o aumento de campanhas e da adesão de lojas físicas e shoppings, a tendência é que a data se torne uma grande fonte de receita do comércio, como já acontece com o Dias das Mães, dos Pais, das Crianças e Natal.
Liquidação de verdade
Descontos monstruosos e multidões nas lojas marcaram, mais uma vez, a tradicional Black Friday nos Estados Unidos . Os varejistas travaram uma feroz guerra comercial na esperança de conquistar ma parcela dos US$ 600 bilhões que os norte-americanos devem gastar em compras de fim de ano.