BNP acredita em medidas para desaquecer economia em 2013

Francisco Carlos de Assis
11/07/2012 às 15:57.
Atualizado em 21/11/2021 às 23:29

O cenário delineado para a economia brasileira a partir do segundo semestre deste ano pelo economista-chefe para a América Latina do BNP Paribas, Marcelo Carvalho, comporta a possibilidade de o governo, em algum momento em 2013, ter que vir a adotar medidas para desacelerar o crescimento. Neste contexto, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central poderá ver-se na obrigação de retomar a trajetória de alta da taxa básica de juros para conter o ímpeto de elevação da inflação na esteira de uma economia aquecida.

As afirmações foram feitas nesta quarta-feira pelo economista durante coletiva online em que o Departamento Econômico do BNP Paribas apresentou o seu Relatório Econômico Trimestral. Carvalho estima que o Produto Interno Bruto (PIB) neste ano deva crescer em torno de 2%, podendo ficar até um pouco abaixo, mas em um ambiente em que os efeitos defasados das medidas de estímulo econômico adotadas pelo governo desde o início do ano já estariam surtindo efeitos. Para 2013, a previsão do BNP Paribas é de um crescimento do PIB da ordem de 5,5%.

A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), no cenário de economia aquecida no próximo ano, de acordo com Carvalho, fechará em 6,1%, acima da taxa de 5,2% prevista para este ano. "A história para o ano que vem será oposta. Olhando para daqui a nove ou 12 meses à frente, o governo poderá até precisar adotar medidas para desaquecer a economia", disse Carvalho. "Pode parecer estranho neste momento falar em desaquecer a economia, mas a função dos analistas é antecipar o futuro", explicou.

Contudo, no curto prazo, o debate continua sendo sobre o que fazer para estimular a economia. "Por isso o Copom deve cortar hoje (quarta-feira) a Selic em 0,5 ponto porcentual para 8% e não para por aí", disse o economista. Ele acredita que em agosto a autoridade monetária deverá repetir a dose, reduzindo a Selic para 7,50% ao ano. Esta taxa se manteria até o final de 2012, mas voltaria a subir em 2013 até o patamar de 9% ao ano, com a taxa de câmbio saindo de uma cotação de R$ 1,95 por dólar, previsto neste ano, para R$ 2,05 em 2013.
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