SÃO PAULO - O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, fechou o dia perto da estabilidade, com leve ganho de 0,11%, a 50.121 pontos, com investidores avaliando dados da economia dos Estados Unidos em um dia de fraco volume financeiro.
O índice foi pressionado pela queda de 0,78% dos papéis mais negociados da mineradora Vale, que representam mais de 8% do Ibovespa. Ações do setor de consumo, como Natura (-3,26%) e Pão de Açúcar (-2,63%), também fecharam no vermelho, após as vendas no varejo brasileiro terem crescido abaixo do esperado em outubro.
"O fraco volume financeiro movimentado na Bolsa brasileira nos últimos dias indica que os investidores estão aguardando referências mais fortes para tomarem decisões", diz Filipe Machado, analista da Geral Investimentos. O giro financeiro foi de R$ 5,8 bilhões hoje -abaixo da média em torno de R$ 7 bilhões diários em novembro.
Segundo ele, essas referências virão na próxima semana, quando vencem contratos de opções -papéis que apostam no preço futuro de ações e índices- e quando ocorre a última reunião do Fed (banco central dos EUA) em 2013, nos dias 17 e 18 de dezembro.
O mercado seguiu monitorando os indicadores econômicos dos Estados Unidos em busca de pistas sobre quando o Fed começará a cortar seu estímulo econômico naquele país.
Hoje, foi divulgado que as vendas do varejo dos EUA avançaram 0,7% em novembro, ampliando os sinais de fortalecimento da economia. Já os preços de importados caíram pelo segundo mês seguido, sugerindo que as pressões inflacionárias continuam fracas.
Além disso, o número de americanos que entraram com novos pedidos de auxílio-desemprego teve forte alta na semana passada, revertendo as três semanas anteriores de queda.
O medo dos investidores é que o Fed anuncie o início do corte em seu programa de estímulo, o que enxugaria o volume de recursos disponíveis para investimentos em outros países, como o Brasil.
Desde 2009, o Fed recompra US$ 85 bilhões por mês em títulos públicos para injetar recursos na economia e estimular uma retomada. A autoridade, no entanto, já anunciou que pretende encerrar o programa de estímulo em 2014, mas disse que só começará a fazer isso quando o mercado de trabalho mostrar melhora significativa.
"Essa incerteza gera o clima de cautela entre os investidores. Se o Fed não começar a cortar o estímulo na semana que vem, dificilmente irá determinar quando e como fará isso em 2014, por isso que o mercado tem operado com cautela nesses últimos dias", completa Machado.
Ações
Depois de terem subido cerca de 6% ao longo do dia, as ações da fabricante de aeronaves Embraer perderam força e fecharam esta quinta-feira com ganho de apenas 0,34%. A companhia divulgou que recebeu pedido da American Airlines para a compra de 60 jatos E175, com possibilidade de aquisição de 90 jatos adicionais, totalizando até 150 aviões.
Já os papéis da MMX, mineradora de Eike Batista, registraram ganho de 4,55% após a Folha ter apurado que o empresário engaja-se em atrair um sócio para o que restou da empresa. As conversas caminham de forma mais adiantada com a Comisa (Companhia de Mineração Serra Azul), que explora minério na região de Serra Azul (MG), onde também estão as minas de Eike.
Câmbio
A possibilidade de corte no estímulo americano continuou pressionando o dólar nesta quinta-feira. A medida enxugaria o volume de dólares nos mercados emergentes, como o Brasil, e a menor oferta da moeda americana forçaria a alta da cotação.
O dólar à vista, referência no mercado financeiro, fechou o dia em alta de 0,37% em relação ao real, cotado em R$ 2,345 na venda. Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, subiu 0,21%, a R$ 2,343.
A alta da moeda foi amenizada, no entanto, pela atuação do Banco Central no câmbio. A autoridade deu continuidade pela manhã ao seu programa de intervenções diárias para aumentar a liquidez do mercado e segurar a alta da moeda americana. O BC também realizou o terceiro leilão para rolar mais 20 mil contratos de swap (equivalentes à venda de dólares no mercado futuro) com vencimento em 2 de janeiro.