A BM&FBovespa começou 2014 com a entrada de R$ 204,526 milhões em capital externo, de acordo com dados divulgados nesta segunda-feira (6) na página da Bolsa na internet. O montante representa compras de R$ 2,765 bilhões e vendas de R$ 2,560 bilhões. No primeiro pregão de 2014, na quinta-feira (2), o Índice Bovespa (Ibovespa) registrou queda de 2,26%, aos 50.341,25 pontos, com giro de R$ 5,56 bilhões.
De acordo com profissionais do mercado, o mau humor dos investidores com as perspectivas econômicas do Brasil neste ano e a queda das bolsas em Nova York afetaram os negócios com renda variável naquele dia. Apesar disso, eles não têm uma visão negativa quanto ao fluxo de capital estrangeiro para bolsa brasileira em 2014.
O diretor da Área de Serviços Qualificados ao Mercado de Capitais do Citibank, Marcio Veronese, nota que o mercado tende a generalizar a atuação do estrangeiro, sem ter dados estatísticos em mãos. "O estrangeiro atua em cima de muitas informações e é difícil falar que esse tipo de investidor vai deixar a bolsa por um único motivo", disse. O Citi atende a quase 60% do fluxo de investimentos estrangeiros para o Brasil.
Nesse sentido, um operador lembra que, tradicionalmente, janeiro é um mês positivo "em termos de fluxo estrangeiro para a Bolsa". Em 2013, por exemplo, janeiro foi o melhor para a BM&FBovespa em entrada de capital externo, terminando com superávit de R$ 4,576 bilhões. Já em 2012, o saldo positivo foi de R$ 7,17 bilhões, enquanto que no primeiro mês de 2011 o superávit foi de R$ 401,41 milhões. Em 2010, porém, houve um déficit de R$ 2,1 bilhões em capital externo na Bovespa.
Fim de 2013
Segundo Veronese, a expectativa é de que o fluxo deve continuar. Embora dezembro tenha sido de saídas, em geral, o ingresso de capital externo na Bovespa superou as retiradas no último trimestre: outubro teve um superávit de R$ 780,13 milhões e novembro, de R$ 521,4 milhões, enquanto em dezembro houve déficit de R$ 213 milhões.
"Foi um desempenho inferior ao terceiro trimestre, quando tivemos três meses consecutivos de saldo positivo, mas isso não significa que os estrangeiros estejam deixando a bolsa", observou um estrategista, destacando que, em julho, agosto e setembro, a Bovespa registrou saldos positivos de R$ 57,722 milhões, R$ 2,126 bilhões e R$ 4,248 bilhões, respectivamente.
"Outubro, em relação a ações, foi um mês bem positivo. Em termos de entrada em equities foi bem positivo, mas setembro foi bem melhor", acrescentou o diretor da Área de Serviços Qualificados ao Mercado de Capitais do Citibank. Mesmo com ritmo menor na reta final de 2014, os estrangeiros mantiveram-se na dianteira do volume negociado no mercado de renda variável. Dados da BM&FBovespa mostram que em dezembro, esse investidor representou 46,31% do volume acumulado à frente dos institucionais que responderam por cerca de 32,4%. No ano, a Bovespa acumulou um saldo positivo de R$ 11,746 bilhões em recursos estrangeiros. Em 2012, o superávit acumulado foi de R$ 1,822 bilhão.
Conforme Veronese, o comportamento dos estrangeiros está mais relacionado a um movimento tático e no conjunto ainda mantém apostas no Brasil. "Quando leio esse número, vejo que não teve saída relevante. No conjunto, não teve um montante grande de estrangeiros saindo. O conjunto dos estrangeiros em custódia no Citi tem um comportamento constante e de longo prazo. Ainda enxergo uma certa estabilidade, embora sempre terá o investidor saindo", concluiu.
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