O crescimento do Brasil em 2013 ficou acima do registrado pelos Estados Unidos (1,9%) e Reino Unido (1,9%), mas abaixo da média mundial projetada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), de 3,0%, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O PIB brasileiro cresceu 2,3% no ano passado em relação ao ano anterior.
O Brasil ficou acima ainda da África do Sul (1,9%), Alemanha (0,4%), Espanha (-1,2%), França (0,3%), Itália (-1,9%), do Japão (1,6%), México (1,1%), da Bélgica (0,2%) e Zona do Euro (-0,4%). "Não fizemos a comparação com os Brics porque Índia e Rússia ainda não divulgaram o PIB", disse Rebeca Palis, gerente da Coordenação de Contas Nacionais do IBGE.
Sob a ótica da demanda, o consumo do governo atingiu em 2013 o seu maior peso no Produto Interno Bruto (PIB) desde o ano 2000, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A fatia chegou a 22%, ante os 21,3% do ano anterior. O menor peso foi registrado em 2000 e em 2004, com 19,2%, cada.
Já as importações de bens e serviços atingiram a maior contribuição negativa em 2013 desde ao menos 2000, com -15,1%. Em 2012, tinha sido de -14%, enquanto em 2000, de -11,7%. O consumo das famílias continuam com a maior fatia, com 62,5% no ano passado ante os 62,6% de 2012.
A Formação Bruta de Capital Fixo, que avançou 6,3% em 2013, apresentou aumento no peso, de 17,5% em 2012 para 18% no ano anterior. As exportações de bens e serviços mantiveram participação de 12,6%.
O aumento das importações em ritmo maior do que as exportações provocou deterioração nas contas externas do País em 2013. Com isso, o setor externo teve contribuição negativa de 0,9 ponto porcentual no crescimento do PIB de 2013, sob a ótica da demanda.
As exportações avançaram 2,5% e as importações, 8,4%. Segundo Rebeca, as compras externas foram impulsionadas principalmente pela demanda de petróleo e gás natural, seguida de serviços de alojamento e alimentação e máquinas e equipamentos.
Apesar disso, o avanço de 2,3% do PIB no ano passado foi sustentado pela demanda interna. A aceleração dos investimentos foi o principal impulso para o crescimento da economia em 2013. A contribuição, que havia sido negativa em 2012, se transformou em um impacto de 1,3 ponto porcentual, de acordo com Rebeca.
Os desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), linhas de crédito imobiliário e programas como o PAC e o Minha Casa, Minha Vida ajudaram a acelerar os investimentos no ano passado. "São programas que influenciaram positivamente", destacou Rebeca.
Mas a maior contribuição veio do consumo das famílias, que avançou 2,3% em 2013 (a menor taxa desde 2003) e contribuiu com 1,4 ponto porcentual no PIB. "Apesar da desaceleração, o consumo das famílias continua contribuindo mais, por conta do peso", disse Rebeca. O consumo do governo avançou 1,9% em 2013 e deu uma contribuição de 0,4 ponto porcentual ao crescimento do PIB.
Serviços
As atividades que tiveram destaque no crescimento de 1,8% do PIB de serviços no quarto trimestre de 2013 ante o mesmo período de 2012 foram: os serviços de informação (7,6%), comércio atacadista e varejista (2,9%); administração, saúde e educação públicas (2,4%) e transporte, armazenagem e correio (2,2%). "Lembrando que o nosso comércio é bastante amplo, inclui tanto o atacadista, o varejista, e até comércio ambulante", explicou Rebeca.
Também houve contribuição dos serviços imobiliários e aluguel (1,5%) e intermediação financeira e seguros (1,1%). Já o segmento de outros serviços registrou queda de 0,6% no quarto trimestre de 2013 ante o quarto trimestre de 2012. "Como ele (o setor de serviços) pesa muito, quase 70% do valor adicionado, ele contribui muito (para o total do PIB), mesmo tendo uma taxa de crescimento menor que o da agropecuária", lembrou Rebeca.
No quarto trimestre do ano passado, em relação ao mesmo período do ano anterior, o PIB brasileiro subiu 1,9%, quase a mesma variação verificada pelo setor de serviços, de 1,8%, na mesma base de comparação.
O crescimento dos investimentos no ano passado foi puxado pela produção interna de máquinas e equipamentos. Rebeca destaca que a contribuição de máquinas e equipamentos ocorreu no ano passado, com aumento de 10,2% ante 2012, diferentemente do cenário do ano anterior, quando teve queda de 9%.
De acordo com a gerente do IBGE, estão incluídos no resultado tanto as máquinas e equipamentos feitos no Brasil quanto os importados. Em 2012, os investimentos caíram 4% na comparação anual.
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