Os governos brasileiro e argentino vão começar a renegociar, em abril, o acordo automotivo entre os dois países, que vence no dia 30 de junho. Entretanto, o ministro do Desenvolvimento, Industria e Comercio Exterior, Armando Monteiro, disse nessa quinta-feira (18) que a criação de um regime de livre comércio neste setor ainda vai demorar. “Eu imagino um horizonte inferior a cinco anos”, disse .
Monteiro deu entrevista após um encontro, em Buenos Aires, com o ministro da Produção da Argentina, Francisco Cabrera, no qual o principal tema foi o acordo automotivo. Uma das questões que tem dificultado a liberalização do setor é a adoção, por parte de cada país, de políticas próprias de incentivos à indústria, que acabaram criando assimetrias.
Apesar de reconhecer que elas existem e precisam ser eliminadas, Monteiro explicou que não se pode fazer isso “em um estalar de dedos”. No caso do Brasil, o programa de incentivos Inovar-Auto tem duração prevista até 2017 – apesar de ter sido questionado na Organização Mundial do Comércio (OMC) e pelos argentinos.
Pelo atual regime automotivo, cada vez que o Brasil exporta US$ 1,5 em veículos e autopeças para a Argentina, tem que importar US$ 1 desses produtos do país vizinho. Os dois governos reconheceram que, na atual conjuntura internacional, interessa a ambos superar os obstáculos e construir uma “plataforma industrial integrada” para conquistar outros mercados.
Monteiro citou como exemplo os países da Aliança do Pacifico, mas também falou na necessidade de criar uma indústria regional competitiva para fazer frente a outros blocos econômicos. “Estamos negociando um acordo [de integração] com a União Europeia (UE)”, disse Monteiro. “Se não tivermos capacidade de construir uma plataforma nova e competitiva no setor automotivo, como vamos nos relacionar com os europeus?”
Segundo o ministro, as negociações entre o Mercosul (mercado comum integrado por Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Venezuela) e os 28 países da UE estão avançando rapidamente. Ele acha que o processo de negociações para liberalizar o comércio entre os dois blocos pode começar esse semestre. “Quem sabe ainda nesse trimestre”, disse.
Monteiro também manifestou satisfação com a decisão do novo governo argentino de eliminar a Declaração Antecipada de Importação (DJAI) - um mecanismo que restringia as importações e afetava os exportadores brasileiros. Em seu lugar foram adotadas outras medidas para assegurar o equilíbrio da balança comercial mas, segundo o ministro, o número de produtos brasileiros afetados é pequeno.