Bresser-Pereira prevê PIB de 2,5% a 3% a partir de 2014

Ricardo Leopoldo
17/09/2012 às 21:12.
Atualizado em 22/11/2021 às 01:22

O ex-ministro Luiz Carlos Bresser-Pereira afirmou à Agência Estado não acreditar que o Brasil deverá crescer ao redor de 4,5% no longo prazo, como disse recentemente o ministro da Fazenda, Guido Mantega, sobre a tendência de expansão do País a partir do final de 2013. "Está contratado que o PIB deve crescer 4% no próximo ano, até porque deve ocorrer um carregamento estatístico do final de 2012 para o início de 2013, que vai ajudar a impulsionar o crescimento no ano que vem", destacou. "Contudo, acredito que a economia só terá condições de avançar entre 2,5% e 3% nos anos seguintes, pois para avançar mais precisará da expansão da indústria, o que vai requerer um patamar bem diferente de câmbio do atual."

Para Bresser-Pereira, uma questão crucial que vai determinar o crescimento da indústria, no médio prazo, será o nível da cotação do real ante o dólar. "O empresário desse setor só vai investir e crescer quando o nível do câmbio estiver perto de R$ 2,67, não na faixa atual, entre R$ 2,00 e R$ 2,05", destacou. "E o câmbio só vai para este outro patamar com a adoção do imposto sobre exportações de commodities, como ocorre no Chile, com o cobre, e na Noruega, com o petróleo", disse.

De acordo com uma pesquisa recente do Centro de Estudos de Macroeconomia Estruturalista do Desenvolvimento da EESP-FGV, o câmbio de equilíbrio de R$ 2,67 daria condições para que empresas nacionais, que adotam o estado da arte em tecnologia de produção, poderiam competir com seus concorrentes internacionais. Em tais condições, o déficit de conta corrente do País, que atingiu R$ 52,5 bilhões em 2011, ou 2,1% do PIB, se tornaria num superávit, cujo montante não pode ser estimado.

Por outro lado, o Observatório de Câmbio, da EESP-FGV, apontou que R$ 2,34 é a cotação do real ante o dólar que tornaria nulo o saldo de transações correntes do Brasil.

Na avaliação de Bresser-Pereira, não há interesse do governo em levar o câmbio para R$ 2,67, pois haveria uma preocupação excessiva do Poder Executivo com o desempenho das vendas externas de agricultores. "Mas a taxa de exportação é boa para o exportador, pois com o câmbio depreciado, a receita externa do empresário vai aumentar", apontou. "A taxa de exportação poderia ser de 50 centavos de real sobre cada dólar obtido pelos exportadores de soja, por exemplo", comentou.

Bresser-Pereira não vê pressões inflacionárias no horizonte da economia até o final de 2013, em função, inclusive, das dificuldades de expansão da economia mundial no próximo ano, especialmente no caso da Europa. "Nesse contexto, não há nenhuma necessidade de elevar os juros no próximo ano. Há muita miopia dos economistas de mercado que já avaliam isso e normalmente nunca acertam suas previsões", destacou.
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