Cabral diz que donos de Manguinhos estimulam protesto

Tiago Rogero
18/10/2012 às 13:51.
Atualizado em 21/11/2021 às 17:20

O governador do Rio, Sérgio Cabral, disse encarar com naturalidade protestos contra a desativação da refinaria de Manguinhos, como a manifestação feita na manhã desta quinta-feira por funcionários, que fechou por uma hora uma das pistas da Avenida Brasil, em frente à refinaria. Mas reafirmou que enxerga a empresa como uma unidade que não paga impostos e sem produção consistente.

"É natural que o dono da empresa, os donos, não sei quantos são, estimulem as manifestações. Mas o que temos ali é uma área de uma empresa que, como eu disse, é uma ex-refinaria que não paga seus impostos, que não refina quase nada. Eu diria até que não refina nada, porque, na verdade, ela importa", afirmou o governador, que citou ainda uma matéria de jornal que aponta para adulteração de combustível.

Hoje, a refinaria informou ter obtido, por medida liminar, o direito de impedir a retomada das negociações das ações da empresa, suspensas desde segunda-feira na BM&FBovespa. "A companhia ainda não teve condições de fornecer ao mercado critérios que auxiliem os investidores em uma tomada de decisão racional a respeito de sua negociação, pleito este que foi prontamente acatado pela Justiça", disse a empresa, no fato relevante.

A companhia disse ainda que reitera sua determinação em preservar o valor do negócio que conduz e informa que "vai buscar negociação com o Governo do Estado (do Rio de Janeiro) a fim de modificar a situação atual, definida pela desapropriação decretada na última terça-feira", acrescenta.

Segundo Cabral, a área ocupada pela refinaria é necessária estrategicamente para a cidade, não apenas para a habitação, mas também para a construção de parques e áreas de lazer. "Esses investimentos de remediação valem a pena comparados à própria empresa, que deve R$ 600 milhões ao Estado em impostos não pagos, autos de infração. Vale a pena e vamos devolver ao Estado do Rio uma área que virou uma sucata de tanques abandonados, de refino que não existe, uma área que serve hoje para estocagem de combustível que é importado ou trazido de outros Estados e distribuído até por distribuidoras não cadastradas, postos piratas", acusou Cabral.

O governador informou que, no último mês, publicou 80 decretos de desapropriação. "Manguinhos está inserida dentro desse conceito de uma área densamente povoada, urbana, com uma sucata no meio oferecendo riscos ambientais e não pagando impostos", ressaltou. Quanto ao valor da desapropriação, o governante disse que o Estado não deve nada a Manguinhos. "Pelo contrário, nós temos crédito com Manguinhos", declarou.
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