Cafeicultores seguram estoques em busca de melhores preços

Capitalizados, os produtores mineiros de café estão segurando os estoques em busca de melhores condições de preço no mercado internacional. Com uma situação financeira melhor em decorrência da valorização do produto nos últimos anos, os cafeicultores saldaram suas dívidas e encontram atualmente mais crédito no mercado. Esse cenário viabiliza a estratégia de administrar os estoques e comercializar a produção de acordo com a cotação do café.

Para o presidente da Confederação Nacional do Café (CNC), Silas Brasileiro, o preço da saca, hoje próximo de R$ 390, pode chegar a R$ 450 entre dezembro e janeiro. “O consumo está maior que a produção e os estoques internacionais estão baixos. Com o início do inverno no hemisfério norte, eles terão que começar a formar estoques, e esse período deverá ser o de melhores condições de venda”, afirmou.

Segundo Silas Brasileiro, a expectativa para o ano é de uma produção de 50 milhões de sacas. Embora seja um volume recorde, ele destaca que o consumo interno deverá ser de 21 milhões de sacas e a exportação responderá por 33 milhões de sacas. “A estratégia é de colocar o café no mercado sem pressa. O que se colheu em três meses pode ser vendido em 12 meses”, observou.

As melhores condições econômicas que viabilizam a estratégia de segurar os estoques é causada por diversos fatores. “Os bancos perceberam que os estoques mundiais estão baixos e estão acreditando no café, com mais recursos. O Funcafé também teve neste ano um orçamento mais robusto”, disse o presidente da CNC.

O Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) é uma linha de financiamento destinada a cafeicultores, cooperativas e agroindústrias para a utilização em custeio, colheita, estocagem e aquisição de café. É disponibilizado pelas instituições financeiras e tem seu orçamento anual definido pelo Banco Central.

Em 2011 foram liberados R$ 1,732 bilhão via Funcafé. Neste ano, até julho, os desembolsos já são maiores que em todo o ano passado, e somam R$ 1,818 bilhão. Em 2011, os recursos destinados para financiar os estoques somaram R$ 700 milhões enquanto neste ano já atingem R$ 860 milhões até julho. Os dados são do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.