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O homem do campo ainda desconhece uma nova modalidade para alavancar financiamentos no setor: o Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA), criado para complementar fontes de recursos financeiros para a produção agropecuária brasileira. O objetivo das emissões desses títulos é adubar os negócios na fazenda, complementando as verbas disponíveis nos bancos oficiais, insuficientes para financiar cooperativas e produtores rurais. Apesar de relativamente novo e ainda pouco divulgado, o CRA começa a ganhar espaço no mercado de capitais. Segundo dados da Cetip, maior depositária de títulos privados de renda fixa da América Latina, o estoque de CRA cresceu 161,8% nos últimos doze meses. O total passou de R$ 370 milhões em dezembro de 2012 para R$ 969 milhões em igual mês de 2013. “O crescimento em percentuais é enorme, embora a base seja pequena. O ativo ainda não é pulverizado ou conhecido do grande público. Mas, certamente, com o passar do tempo, tende a se expandir por oferecer benefícios a investidores e produtores rurais”, diz o gerente de produtos da Cetip, Ricardo Magalhães. Conforme ele explica, esses títulos são de livre negociação e representativos de promessa de pagamento em dinheiro. São emitidos exclusivamente pelas companhias securitizadoras de direitos creditórios do agronegócio e vinculados a direitos creditórios originários de negócios que têm como garantia valores a receber de empresas do setor. A modalidade permite, por exemplo, que os produtores de soja, milho e algodão financiem um pacote completo de insumos, com defensivos, sementes e fertilizantes. “O agronegócio vem se solidificando como uma grande força da economia brasileira. Mas para garantir todo seu potencial, o mercado precisa consolidar novas alternativas de financiamento, pois as fontes do governo se tornaram insuficientes. O CRA é justamente um título criado para ajudar a suprir essa necessidade”, explica Martha de Sá, sócia da Octante, a primeira securitizadora a realizar uma oferta pública de CRA para pessoas físicas. Segundo ela, o recurso ainda é pouco explorado por falta de divulgação. “Fazemos a ponte entre o mercado financeiro e agricultores. Os títulos também podem funcionar como rotativo em mais de uma safra. Não vai demorar muito para que sejam mais explorados”, acredita Márcia.