Capacidade do BC em gerenciar expectativa é discutida

Francisco Carlos de Assis
17/09/2012 às 14:54.
Atualizado em 22/11/2021 às 01:21

Na esteira da discussão sobre o tema inflação durante a reunião que analisa "O Desafio do Crescimento" na sede da Fecomercio-SP, economistas que participam do evento questionaram a capacidade do Banco Central (BC) de gerenciar as expectativas dos analistas do mercado financeiro em relação à inflação.

Os questionamentos começaram a partir da defesa do professor de economia da Universidade de São Paulo (USP), Heron do Carmo, à revisão para baixo da meta central de inflação ou da banda de acomodação de choques, que hoje é de 2 pontos porcentuais para cima e 2 pontos para baixo em relação ao centro da meta do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é de 4,5%. Heron defende, por exemplo, a desindexação da economia.

O economista-chefe do Banco Votorantim, Roberto Padovani, disse achar difícil ocorrer um processo de desindexação da economia justamente por conta da falta de certeza em relação à inflação. "Se eu tivesse uma casa para alugar, iria reajustar o meu contrato por um indicador de inflação. Não posso confiar que a inflação vai ficar na meta", disse o economista, acrescentando que o consenso hoje, por exemplo, é de que o BC está disposto a aceitar um pouco mais de inflação em troca de um pouco mais de crescimento.

Para o ex-diretor do BC, Carlos Tadeu de Freitas, o problema hoje não é a inflação ficar em 5% ou 5,5%, mas sim em o mercado não acreditar que o BC vai elevar a taxa de juros em caso de necessidade. "Isso não acontece nos Estados Unidos porque o Fed (banco central americano) tem uma forte credibilidade perante o mercado", disse Freitas.

Marcelo Alain, diretor da Deux Consultores, emendou acrescentando que "não temos um regime de metas de inflação que vai garantir a inflação no centro da meta. Temos um regime de câmbio flutuante que não é mais flutuante", disse. Para ele, apesar de a economia não precisar mais tanto de uma âncora como no começo do Plano Real, hoje o Brasil não tem uma âncora monetária.
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