Carros-chefes da indústria de Minas derrubam receita em julho

Bruno Porto - Hoje em Dia
11/09/2014 às 07:13.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:09
 (Agência Minas)

(Agência Minas)

O fraco desempenho dos três setores com maior peso na economia mineira – automotivo, extrativo e meta-lúrgico – derrubou o faturamento da indústria do Estado, que encerrou o mês de julho em queda de 1,26% frente a junho, segundo pesquisa divulgada nessa quarta-feira (10) pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). Enquanto a curva do faturamento aponta para baixo desde fevereiro, acumulando nos sete primeiros meses de 2014 um recuo de 7,54%, a massa salarial real caminha em direção oposta, com alta de 3,17% em julho sobre o mês anterior e variação positiva de 3,72% de janeiro a julho deste ano ante igual intervalo de 2013.

O setor automotivo, que participa com 15% do Produto Interno Bruto (PIB) da indústria mineira, apurou retração de 9,3% no faturamento em julho na comparação com junho. A indústria extrativa mineral colabora com 23% do PIB do parque industrial do Estado e contabilizou redução de 13,7% no faturamento no mesmo período. Já a metalurgia básica, que responde por 22% do total de riquezas geradas em âmbito estadual, registrou na mesma base de comparação retração de 4,9% no faturamento.

No caso da indústria automotiva, as vendas no ano, até julho, registraram queda de 13,9% nacionalmente. As montadoras, inclusive, concederam férias coletivas ou licença remunerada aos trabalhadores. A metalurgia básica encara no cenário internacional uma sobreoferta de aço, que acarreta preços mais baixos.

“Na indústria extrativa o forte de Minas Gerais é minério de ferro, segmento em que os preços estão em queda e as perspectivas não são boas. A China, principal cliente, reforçou seus estoque e, quanto maior esses estoques, mais tempo levará para a recuperação da cotação”, disse o presidente do Conselho de Política Econômica e Industrial da Fiemg, Lincoln Gonçalves Fernandes. No ano, o preço do minério se desvalorizou em 38%. Em sentido oposto, o setor de bebidas apresentou alta no faturamento em julho sobre junho da ordem de 35,3%. No setor de produtos químicos, a expansão foi de 23,7%.

O economista da Fiemg, Guilherme Leão, observa que o aumento da massa salarial, a despeito de ganhos de produtividade e descolada da realidade do faturamento da indústria, é motivado pelas baixas taxas de desemprego, que forçam a alta salarial.

“A indústria mineira tem segurado o emprego mais do que a indústria nacional, mas isso pode começar a mudar em caso de não alteração do cenário atual”, afirmou.

Dados divulgados nessa quarta pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam para uma redução do emprego industrial no Brasil de 3,6% e de 2,3% em Minas Gerais em julho na comparação com o mesmo mês de 2013. O levantamento faz comparação de julho deste ano com igual período de 2013.

Utilização da capacidade instalada

A utilização da capacidade instalada do parque industrial mineiro atingiu 85,24% em julho, um aumento de 1,61 ponto percentual.

Este é o maior patamar desde março. No entanto, a tendência, segundo a Fiemg, é interrupção dessa trajetória de alta em agosto. A variação positiva se deve ao preenchimento da ociosidade deixada pelos feriados em junho. 

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