A demora de um ano e meio na confirmação de um caso da doença da vaca louca no Brasil abalou a credibilidade das autoridades sanitárias do País e vai exigir investimentos do governo para que problemas semelhantes não voltem a ser registrados, disse, nesta sexta-feira, Pedro de Camargo Neto, presidente-executivo da Associação Brasileira de Produtores e Exportadores de Carne Suína (Abipecs).
"Alguém tem de explicar direitinho o que aconteceu", declarou o executivo em Moscou. Camargo Neto integra a delegação de 80 empresários que acompanham a visita da presidente Dilma Rousseff à Rússia.
Em sua avaliação, "já existe" um efeito dominó gerado pelo caso da vaca que morreu em 2010, com suspensão das importações pelo Japão, pela África do Sul e China. Mas Camargo Neto ressaltou que os três países são insignificantes para o mercado brasileiro. "Nós exportamos meia dúzia de latas de carne para o Japão", exagerou.
O temor é de que outros países adotem medidas semelhantes. Além disso, problemas sanitários em relação à carne bovina podem influenciar negativamente outras carnes. "Estamos há cinco anos negociando a entrada no mercado do Japão", lembrou Camargo.
Para ele, "é inadmissível" que um exame laboratorial demore um ano e meio para ser concluído. "É rápido perder credibilidade, mas reconquistá-la demanda tempo."
Camargo Neto defendeu o aumento do Orçamento do Ministério da Agricultura e dos recursos destinados à vigilância e inspeção sanitária e aos laboratórios. "As desculpas podem ser verdadeiras, mas ficou claro que elas não são aceitas pelos compradores", disse. Se o foco de vaca louca tivesse sido notificado em um prazo de dois meses depois da ocorrência, Camargo Neto acredita que não teria havido problemas.
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