Cenário adverso deve dificultar as negociações salariais

Luiz Guilherme Gerbelli
14/05/2014 às 09:30.
Atualizado em 18/11/2021 às 02:34

A combinação de inflação elevada e baixo crescimento econômico tende a dificultar as negociações salariais neste ano e, consequentemente, o tamanho dos ganhos reais conquistado pelos trabalhadores. O cenário deverá ser bastante parecido com o de 2013, quando houve redução no número de categorias que tiveram ganhos reais em relação aos anos anteriores. O levantamento mais recente elaborado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostra que 86,9% das negociações em 2013 resultaram em ganho superior ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Em 2012, no melhor resultado da história, 95,1% das negociações resultaram em ganhos reais.

"A inflação é sempre uma trava para as negociações e a alta de preços deve ser maior em 2014 do que em 2013. A minha expectativa é de que tenhamos resultados parecidos com os do ano passado", diz José Silvestre, coordenador de relações sindicais do Dieese. "O que a inflação realmente compromete é o tamanho do ganho real." No ano passado, o reajuste médio nas negociações trabalhistas foi de 1,25% acima da inflação.

Diante desse cenário, a aposta dos trabalhadores para manter a valorização real do salário será o mercado de trabalho pressionado - a taxa de desemprego continua baixa -, o que dá mais poder de barganha aos trabalhadores. "O poder de barganha continua grande. Várias categorias estão conseguindo aumentos reais", diz Hélio Zylberstajn, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA/USP) e pesquisador da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).

Um levantamento da Fipe mostrou que o reajuste médio para as categorias com data-base em março foi de 7,6%, o que garantiu ganho real médio de 2,2%. Para efeito de comparação, em março do ano passado, os aumentos foram de 8%, mas os ganhos reais foram de 1,3%.

Campanhas

Segundo o presidente da Federação dos Sindicatos Metalúrgicos da Central Única dos Trabalhadores (CUT/SP), Valmir Marques da Silva, a campanha deste ano vai destacar a "luta por aumento real nos salários, a jornada de 40 horas, a geração de empregos e melhores condições de trabalho no chão de fábrica". Entre 2002 e 2013, os reajustes acima da inflação acumulados para os diferentes grupos dos metalúrgicos variaram de 28,99% a 37,34%.

Para o presidente do Sindicato dos Químicos e Plásticos de São Paulo, Osvaldo Bezerra, apesar do momento econômico atual, a campanha deste ano não será pior que as anteriores. Em 2013, o reajuste real para os trabalhadores que recebem o piso foi de 2,4%, e nas faixas salariais maiores foi de 1,25%. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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