(Líder Interiores)
As incertezas dos varejistas em relação à demanda dos consumidores têm adiado as encomendas de móveis e objetos de decoração para o Natal, a principal data do comércio em geral. Normalmente, os pedidos já estariam a pleno vapor em outubro, quando as famílias começavam a sair às compras para preparar a casa para o fim do ano. Relatos de fabricantes e lojistas, entretanto, são de que até agora “o bom velhinho” não deu o ar da graça.
“O primeiro semestre geralmente é fraco, mas em julho e agosto costumava melhorar. O que não aconteceu neste ano. O cenário atual está péssimo. Os consumidores estão ressabiados, esperando a eleição. E seja qual for o presidente eleito, terá que descascar um abacaxi”, afirma o presidente do Sindicato das Indústrias do Mobiliário e Artefatos de Madeira no Estado de Minas Gerais (Sindimov-MG), Carlos Alberto Homem.
Segundo ele, o desaquecimento no mercado imobiliário também já bateu à porta do segmento de móveis. “Em Carmo do Cajuru, por exemplo, importante polo moveleiro de Minas, está todo mundo com o pé atrás. Em Ubá, algumas fábricas encerraram as atividades. A previsão é de retração. Qualquer crescimento de vendas será uma baita surpresa”, diz.
O presidente do Sindicato Intermunicipal das Indústrias do Mobiliário de Ubá (Intersind), Michel Henrique Pires, diz que a situação é crítica. De janeiro a agosto deste ano, o volume de negócios despencou 15%, na comparação com igual período de 2013. Diante do quadro, ele afirma que empresas estão demitindo, reduzindo o ritmo das operações e até fechando as portas. O polo, que inclui oito cidades além de Ubá, reúne 300 empresas. São 10 mil empregos diretos e o dobro de indiretos.
Só neste ano, relata Pires, três pequenas fábricas deixaram de funcionar. E uma indústria de médio porte também fechou. Já as grandes promoveram cortes. Cerca de 500 pessoas foram demitidas. “A desconfiança do consumidor, a concorrência com outros setores, o endividamento e a inflação contribuíram negativamente. Com tudo isso, este ano não terá contratação de temporários para Natal”, dispara.
Coordenadora do polo moveleiro da avenida Silviano Brandão, Eliana Reis também diz que 2014 não foi o melhor dos anos para o corredor, onde estão instaladas mais de 200 lojas. Os “culpados” por ela são a Copa do Mundo e as obras, com a construção da mão-inglesa na via.
“O cliente não vai onde não consegue chegar com tranquilidade. Estamos em conversas com a BHTrans para que até novembro já haja uma modificação no trânsito”, espera.
Enquanto isso, Eliana contabiliza o fechamento de 14 lojas, com queda no faturamento entre 35% e 70%. “Também solicitamos à PBH que a avenida seja enfeitada para o Natal. Afinal, somos responsáveis por sete mil empregos diretos. E quase 99% das lojas são compradoras de fábricas mineiras”, ressalta.
Avenida Silviano Brandão
Para trazer os clientes de volta, a Associação dos Lojistas da avenida Silviano Brandão prepara para o maior shopping de móveis a céu aberto do país várias ações no próximo ano.
Uma das ideias é realizar promoções coletivas e publicar uma revista. A profissionalização do corredor pode não só ampliar as vendas como também deve refletir no aumento da contratação de mão de obra.
Móveis multifuncionais
Para driblar a crise e atrair a freguesia, fábricas e lojas têm alterado o mix e investido em promoções. A empresária Cida Ferreira trouxe para a sua Eletro Nobre, no Minas Casa, móveis inteligentes. Entre as novidades, sofás retráteis, mesa com duas funções, puff que vira cama ou apoio para os pés ou mesinha de centro.
“Com tantos apartamentos menores, resolvemos investir neste nicho para agradar a este público. Muita gente também comprou imóvel na planta e está recebendo as chaves agora. Nossa estratégia está dando certo”, comemora. [/TEXTO]
Conforme a empresária, os preços dos produtos “3 em 1” atende consumidores das classes A, B e C. “São diversas formas e medidas, que cabem em qualquer bolso”, diz.
Planejados
Na Líder Interiores, com fábricas em Carmo do Cajuru e Mateus Leme e cinco lojas na capital, além de unidades no interior, São Paulo e Espírito Santo, a novidade é a linha de móveis planejados. Armários, painéis, estantes, cabeceiras, homes e escrivaninhas estão sendo vendidos no tamanho certo para cada cliente.
“Estamos sempre atentos às demandas do mercado, com a oferta de soluções personalizadas e atendimento de qualidade”, afirma o diretor comercial da Líder Interiores, Aurélio Nogueira.
Outra novidade da empresa é a linha de varanda gourmet, sucesso de vendas, de acordo com Nogueira.
Para fisgar o consumidor e fazê-lo gastar, até shoppings especializados entraram na onda da inovação.
“Houve uma queda no mercado e com as eleições tudo ficou parado. Apreensivos com o caminho que o país seguirá em 2015, os consumidores restringiram os gastos. Algo precisava ser feito e pela primeira vez, em muitos anos, estamos fazendo uma promoção nesta época”, propaga o gerente de Marketing do Ponteio Lar Shopping, Luiz Sternick.
Descontos
Os produtos do mall estão com até 60% de desconto, e podem ser pagos em até 10 ou 12 vezes. Co[/LEAD][TEXTO]m o slogan “Prepare sua casa para este Natal”, a ação vai até dia 9 de novembro. Até lá, Sternick espera incremento de 18% no público e 12% no faturamento.
Dono da Complemento Decoração, Alexandre Rocha espera, com a mãozinha da promoção, ganhar de presente vendas até 5% maiores. “Estamos retardando as encomendas para perceber a reação do mercado. É torcer”, diz.
Eleição coloca consumidor na espera
O dono da Marrocos Interiores, na avenida Silviano Brandão, Flávio Vinícius Alves, acredita que até a eleição dificilmente o consumidor vá colocar a mão no bolso. “Já fiz compras e estoquei para o fim de ano. A esperança é que as vendas melhorem passada a apreensão”, diz ele, que não aposta em crescimento nem com a ajuda de Papai Noel.
“Se o faturamento ficar empatado, já estamos no lucro”, afirma o empresário, que tem outras unidades nos bairros Santa Mônica e Planalto.
Decoração
Mais otimista, a Maria Alice Decorações turbinou a produção para atender às famílias que desejam preparar o lar para as festividades de fim de ano. Por lá, diferentemente de outras empresas, o Natal começou cedo.
De acordo com o diretor comercial, Alexandre Miranda, já no mês de julho houve um crescimento de 5% na fabricação mensal de salas de jantar, sofás, chaises e poltronas na unidade da região da Pampulha.
Segundo ele, a intenção é abastecer principalmente as lojas da capital e também atender aos pedidos dos consumidores do interior do Estado.
A previsão é de um incremento de 10% nas vendas nos próximos três meses. “Esse período que antecede o Natal é estratégico para o setor, pois os consumidores já começam a preparar seus lares para receber parentes e amigos para as festividades do fim de ano”, afirma Miranda.