Chuva em Minas alivia utilização das usinas térmicas

Tatiana Moraes - Hoje em Dia
07/01/2014 às 07:05.
Atualizado em 20/11/2021 às 15:11
 (Dudu HP)

(Dudu HP)

A elevação do nível dos reservatórios das usinas hidrelétricas no Sudeste e Centro-Oeste, que atingiu 43,11% neste mês, contra 37,46% em janeiro de 2013, e a consequente redução da utilização das térmicas, que produzem energia mais cara, não será suficiente para amenizar a alta na tarifa Cemig, em 8 de abril, data do reajuste anual da concessionária.

O impacto da valorização do dólar , que encareceu a energia comprada de Itaipu, vai pressionar a tarifa, conforme afirmam especialistas ouvidos pelo Hoje em Dia.

No reajuste tarifário, há um repasse dos gastos da companhia para o consumidor. Ou seja, todos os custos não gerenciáveis (dólar e encargos setoriais, por exemplo) que foram estimados para menos no ano anterior são compensados por uma alta na tarifa. Aqueles que são mensurados para mais, em contrapartida, puxam a tarifa para baixo.

No ano passado, os reservatórios ficaram muito abaixo do nível considerado confortável para que o sistema possa ser operado sem riscos (de 75% da capacidade total, o suficiente para manter o país por cerca de dois anos). Em novembro, por exemplo, o armazenamento de água no Sudeste e no Centro-Oeste foi de 41,62%.

Para evitar um colapso, a saída, nestes casos, é ligar as usinas térmicas. Porém, como o combustível desse tipo de usina é mais caro do que a água usada nas hidrelétricas, o custo da energia sobe.

“E a conta só é repassada ao consumidor no reajuste tarifário, que, no caso da Cemig, acontece em abril”, explica o diretor-superintendente da Enecel, Raimundo de Paula Batista Neto.

Vilãs

As térmicas, aliás, foram as principais responsáveis pela alta de 4,99% na conta de luz residencial em abril do ano passado, quando a Cemig atravessou o Terceiro Ciclo de Revisão Tarifária. “O peso das térmicas é forte nos reajustes e revisões”, pondera o coordenador do Grupo de Estudos do Setor de Energia Elétrica (Gesel), Nivalde José de Castro.

Ele afirma, no entanto, que os níveis dos reservatórios têm sido recompostos. Hoje, eles estão 15,08% mais cheios do que no mesmo período do ano passado. E a tendência é de melhora.

“Entramos efetivamente no período úmido e as chuvas têm sido recorrentes, melhorando a situação energética do país”, afirma.

Pressão exterior

Outro ponto levantado pelo coordenador do Gesel como fator de pressão para o reajuste de abril foi a constante valorização da moeda norte-americana ao longo do segundo semestre de 2013.Como parte da energia comercializada pelas concessionárias, inclusive pela Cemig, é comprada em dólar, o repasse ao consumidor no reajuste tarifário tende a ser maior. “Gasta-se mais reais para comprar a energia”, enfatiza.

Eólica "rouba" espaço de PCH na matriz energética

Vedetes do setor energético em meados de 2000, os projetos de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) vêm perdendo espaço para a energia eólica desde o final da década passada. Um dos motivos foi o barateamento dos equipamentos utilizados para a montagem dos parques, construídos principalmente por empresas europeias.

“Com a crise internacional de 2008, os fabricantes começaram a mirar outros países, como o Brasil”, afirma o secretário-executivo do Centro Nacional de Referências em PCH (CERPCH), Geraldo Lúcio Tiago Filho.

Ele explica que os equipamentos, comercializados a preços exorbitantes antes da crise, ficaram mais baratos. Como reflexo, este tipo de geração rapidamente caiu no gosto dos investidores brasileiros.

Além do barateamento no preço dos equipamentos, a facilidade na aprovação dos parques eólicos é outro fator de competitividade. Enquanto uma PCH pode levar até sete anos para começar a ser operada (entre estudos de viabilidade, licenciamento e funcionamento), as eólicas não levam mais que quatro anos.

“A burocracia é muito menor. Sem contar que a população tem preconceito com empreendimentos que alagam áreas, que é o caso das PCHs”, diz.

Demanda subiu 3,7% em 2013

O consumo de energia no Brasil, medido pelo Operador Nacional do Sistema (ONS), subiu 3,7% em 2013, segundo dados divulgados na segunda-feira (7).

Em dezembro do ano passado, o total de energia atingiu 64.348 megawatts médios, volume 2,9% maior do que no mesmo mês de 2012 e 0,8% abaixo do registrado em novembro do ano passado.

De acordo com o ONS, o consumo de energia em dezembro foi influenciado pelo subsistema Sudeste/Centro-Oeste, que corresponde a 60% de toda carga de energia consumida no país e concentra mais da metade do parque industrial brasileiro. 

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