Com escassez no mercado, preço do bezerro bate recorde

Iêva Tatiana - Hoje em Dia
24/05/2014 às 07:48.
Atualizado em 18/11/2021 às 02:43
 (Arquivo Hoje em Dia)

(Arquivo Hoje em Dia)

Com a escassez de bezerros no mercado, o preço do animal bateu recorde histórico neste mês. Desde junho do ano passado, a cotação média saltou de R$ 793,78 para R$ 1.051,23, alta de 32,43% (animal Nelore, de 8 a 12 meses, do Mato Grosso do Sul), no intervalo de um ano, segundo pesquisa do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), vinculado à USP. É a maior cotação desde julho de 2008.

Dados do Cepea também mostram que, particularmente na última semana, houve aumento na demanda dos confinadores, o que contribuiu para a alta da cotação.

“O crescimento no consumo interno e externo de carne bovina estimula a atividade de engorda, então, os produtores começam a antecipá-la e a usar tecnologias para abater o animal mais cedo. Isso cria uma pressão maior pela procura do bezerro. Por outro lado, a atividade de cria não tem recebido atenção especial para aumentar a oferta”, afirma o coordenador técnico de bovinocultura da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), José Alberto de Ávila Pires.

Agravante

Outro fator que tem pesado no preço do bezerro é o clima. A falta de chuvas no início do ano e a antecipação do frio e da seca em várias partes do Brasil reduziram a área de pastagem e a oferta de boi gordo no mercado.

“O boi em alta subentende a alta do bezerro, para o produtor fazer a reposição. Isso motiva, de certa forma, os preços elevados e, consequentemente, essa situação de bastante pressão”, diz o professor da Esalq e pesquisador de Cepea Sergio de Zen.

O analista de agronegócios da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Walisson Lara, acrescenta mais um item à lista de motivações da valorização do bezerro: o grande volume de abates de matrizes que ocorreu há cerca de três anos, época em que pecuaristas precisaram antecipar as vendas para arcar com as despesas da produção.

"Esse abate de fêmeas está sendo sentido agora, com a oferta menor de animais para reposição”.

Acomodação

O professor e pesquisador Sérgio Zen chama a atenção para outro ponto: a possível desvalorização do boi gordo nos próximos meses.

“O produtor tem que tomar muito cuidado, porque nada garante que a venda do boi gordo será igual à de hoje. Então, ele pode pagar muito pelo bezerro e não receber o mesmo preço lá na frente”, afirma Zen.

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