Com ICMS menor, etanol passa a ser vantajoso nas bombas de BH

Bruno Porto - Hoje em Dia
21/03/2015 às 07:24.
Atualizado em 18/11/2021 às 06:25
 (André Brant/Hoje em Dia)

(André Brant/Hoje em Dia)

A tendência de queda no preço do etanol após a redução do imposto estadual cobrado sobre o combustível foi confirmada em Belo Horizonte. Com isso, ficou mais vantajoso abastecer com o derivado da cana na maioria dos postos.   O Hoje em Dia percorreu 21 postos de combustível e verificou que o etanol está mais competitivo do que a gasolina em 12 deles (57%). Isso ocorre quando o preço do álcool corresponde a até 70% do valor do derivado do petróleo.   Desde a última quarta-feira entrou em vigor a redução da alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) do etanol de 19% para 14%. Em contrapartida, houve aumento da alíquota do imposto sobre a gasolina de 27% para 29%.   O Hoje em Dia levantou os preços de postos de combustíveis de corredores de trânsito movimentados de Belo Horizonte, como as avenidas Cristiano Machado, Carlos Luz e Pedro II. Além da maioria de postos em que houve queda de preços, em 6 deles o valor ficou estável, e em 3 houve elevação. A comparação é do preço praticado na última sexta-feira (20) com os da pesquisa da ANP realizada entre 8 e 14 de março.    Medida esperada   O setor sucroenergético, que abrange fabricantes de álcool e açúcar, aguardava desde meados de 2010 a volta da competitividade do derivado da cana nas bombas. Nos últimos cinco anos, oito usinas de álcool fecharam as portas e demitiram 8 mil pessoas. Atualmente, são 37 usinas em operação em Minas Gerais, que empregam 80 mil trabalhadores em 33 municípios.   A desoneração do etanol, de acordo com a Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig), permite uma redução de R$ 0,12 por litro de combustível. Ainda conforme a entidade, nas últimas seis semanas, o álcool ficou R$ 0,14 mais barato nas usinas, em decorrência de estoques elevados. Assim, o potencial de redução do preço do etanol é de R$ 0,26.    Mesmo nos postos onde o álcool ficou com preços estáveis ou até houve aumento, os administradores admitem que a redução é uma questão de tempo. No Posto Comercial Dona Clara, na avenida Cristiano Machado, o gerente, Wicsson David, disse que não realizou novas compras de etanol essa semana, por isso o preço praticado ainda é de compras anteriores à desoneração.   “A saída de etanol é baixa, ainda tenho estoque. Quando fizer uma nova compra e a distribuidora me entregar com um preço diferente, farei o repasse para as bombas”, disse. O posto aumentou o etanol em R$ 0,15 da semana passada para a última sexta-feira (20), de R$ 2,29 para R$ 2,44. O gerente sustentou que não houve essa alteração apesar de a pesquisa da ANP apontar a diferença.   Concorrência deve levar a novos ajustes de preços   Os postos de combustível têm liberdade para precificar os produtos. Dessa forma, mesmo com o potencial para a redução em até R$ 0,26 por litro, o Hoje em Dia detectou pontos de venda onde houve elevação de R$ 0,15 no preço do produto, e outros onde a queda chegou a R$ 0,20, como no posto Beagás, na avenida Dom Pedro II.    O etanol mais barato entre os 21 postos foi encontrado na rua Jacuí, esquina com Cristiano Machado, com preço de R$ 1,99 por litro. E o mais caro foi identificado, na Zona Sul de Belo Horizonte, a um custo de R$ 2,59 o litro.   O ajuste do preço também pode demorar até que os postos façam novas encomendas às distribuidoras. “O preço sobe de foguete e cai de paraquedas”, ironizou o presidente da Siamig, Mário Campos. Ele disse confiar que a concorrência entre os postos forçará a redução de preços, mas não descarta acionar o Procon e outros órgão de defesa do consumidor caso a desoneração não se revele nas bombas. “Belo Horizonte tem um dos mercados de postos de combustíveis mais concorridos do país. Acredito que essa competição vai ajustar o preço do etanol e assegurar sua competitividade”, afirmou.   A perspectiva dos fabricantes de álcool é dobrar o consumo do combustível neste ano. Em 2014, foram 750 mil litros consumidos em Minas Gerais, e neste ano a projeção é de 1,5 bilhão.    O Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de Minas Gerais (Minaspetro) informou que não interfere na precificação dos combustíveis pelos postos, mas admite que o consumidor vai encontrar correções nos valores praticados pelo mercado. “Os preços dos combustíveis são livres, ou seja, não são mais controlados pelo Estado desde a edição das Portarias Interministeriais 294/97 e 240/2011. Portanto, o Minaspetro não interfere, não sugere e tampouco influencia os preços praticados pelos postos de combustíveis. O Sindicato sempre zelou pela livre concorrência e pela livre iniciativa e repudia qualquer ato contrário a esses princípios constitucionais que regem a ordem econômica brasileira”, disse a entidade, em nota.   ANP   A Agência Nacional do Petróleo (ANP) também divulgou na última sexta-feira (20) uma pesquisa com os preços em 95 postos de Belo Horizonte. No entanto, a pesquisa foi iniciada no dia 15/03 e finalizada em 20/03, não captando integralmente os efeitos da redução do ICMS do etanol e o aumento do mesmo tributo para a gasolina.

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