Com ‘rock and roll’, cervejarias dão novo ritmo aos negócios

Janaína Oliveira - Hoje em Dia
02/03/2014 às 08:47.
Atualizado em 20/11/2021 às 16:22
 (Flavio Tavares/Hoje em Dia)

(Flavio Tavares/Hoje em Dia)

Cerveja é a cara do Carnaval, mas também combina perfeitamente com rock and roll. Que o digam as microcervejarias artesanais, que têm apostado em bandas e no universo da música para lançar novos rótulos. Titãs, Ultraje a Rigor, Sepultura, Ratos de Porão, Raimundos, Velhas Virgens e Nenhum de Nós são só alguns dos títulos que estão nas gôndolas dos supermercados e casas especializadas país afora. O preço pode até não ser muito pop — entre R$ 12 e R$ 50 a garrafa de 600 ml —, mas as bebidas já são sucesso entre o público que curte som alto e loira gelada.

“A união entre bandas e cervejarias já é comum na Europa, e no ano passado ganhou força por aqui. Geralmente, são produtos especiais, diferenciados, e com muita qualidade. Quem experimenta, gosta e quer mais”, diz o vice-presidente do Sindicato das Indústrias de Cerveja e Bebidas em Geral de Minas Gerais (Sindbebidas-MG), o cervejeiro Marco Antônio Falcone.

Dono da Falke Bier, Falcone já colocou no mercado a Vivre pour Vivre, inspirada na música Theme de Vivre, do compositor francês Francis Lai. Produzida apenas nas safras de jabuticaba, com produção limitada, a bebida é maturada durante 65 dias ao som de canto gregoriano.

Agora, o próximo desafio dele é fechar parceria com uma banda de rock mineira para o lançamento de um novo rótulo. “Só posso revelar que as negociações estão adiantadas”, diz ele, que pretende terminar antes da Copa do Mundo a construção da nova fábrica, também no condomínio Vale do Ouro, em Ribeirão das Neves. Com investimentos de R$ 1 milhão, a produção saltará de 10 mil litros para 60 mil litros por mês.

Novos cervejeiros

Apaixonados por cerveja e rock, Bruno Parreiras Cabral e mais quatro amigos também entraram para o time de cervejeiros. Em 2010, somaram economias e financiamentos, coisa de R$ 1 milhão, e abriram no Jardim Canadá, Nova Lima, a Cervejaria Küd.

Hoje, são seis rótulos, todos ligados a grupos e canções. A primeira a estrear nas prateleiras foi a Kashmir, considerada uma das músicas mais bem sucedidas do Led Zeppelin, do álbum Physical Graffiti. “Ela tem coloração avermelhada e aroma e amargor acentuados. Ganhou até um campeonato na Argentina. É a minha preferida”, conta Bruno, também grande apreciador da Blackbird, um “agradecimento” no estilo Black IPA, forte, de paladar marcante e ótimo amargor, aos Beatles.

A God Save the Queen, da banda de punk rock Sex Pistols, referência direta ao estilo Pale Ale, um dos mais populares em terras inglesas, também integra o portfólio da Küd. Completa o leque de homenagens Smoke on the Water, do Deep Purple.

Os preços para o consumidor, de acordo com o empresário, variam entre R$ 12 e R$ 17. Atualmente, a capacidade de produção é de 9 mil litros mensais. Mas Bruno e os sócios esperam um crescimento de 100% para 2014.

 Empresas pagam artistas com royalties e até garrafas da bebida

 Vinil, o disco que todo mundo ouvia antes da chegada do CD, foi o nome escolhido para a cervejaria de Virgílio Newton Barros Júnior e seus dois sócios. A receita era reunir os amigos ao som de boa música e de uma bebida especial, e ganhar dinheiro. “Assim nasceu a primeira cervejaria que reúne o universo dos antigos LPs ao prazer de saborear esse líquido milenar”, diz Virgílio.

Tão singular quanto o movimento tropicalista, garante ele, é a cerveja Tropicália, 50% composta por maltes de trigo e sabor incomparável. Já Baba ESB, uma homenagem à música Baba O’Riley, do conjunto britânico The Who, é fácil de beber. “Quem prova sempre quer mais um gole”, descreve.


Hoje, na minifábrica no Jardim Canadá, em Nova Lima, são produzidos 2 mil litros das bebidas. Até 2016, a meta é alcançar 40 mil litros. As garrafas custam, em média, R$ 12.

Fora de Minas, um dos lançamentos mais recente é a Titãs Colorado, que estreou no mercado no final do 2013. A cerveja é forte e escura e tem um leve toque de cascas de laranja para um sabor cítrico. A empresa paga royalties para Tony Bellotto e companhia, mas não revela valores. O preço médio é de R$ 23, com variações conforme a região.

Uma das pioneiras nas homenagens roqueiras, a Bamberg já lançou a Raimundo Helles e depois colocou no mercado a ‘Camila, Camila’, uma das músicas do Nenhum de Nós. Segundo a empresa, o pagamento vai de royalties a cervejas.

A Bamberg também criou a Sepultura Weiss. A bebida que brinda a banda de metal nascida em Minas é a campeã de vendas no segmento musical no Empório Santa Tereza, casa no bairro de mesmo nome, em BH, e que oferece ao freguês mais de 250 rótulos.No exterior, grandes bandas como Iron Maiden, AC/DC, Pearl Jam já lançaram bebidas com suas marcas. Um sucesso.

 

 

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