O setor de vendas de Móveis e Eletrodomésticos foi um dos que mais recuaram (Helena Pontes/Agência IBGE Notícias)
As vendas do comércio varejista em Minas Gerais apresentaram recuo de 1,7% em dezembro na comparação com o mês anterior, aponta a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada nesta quarta-feira (9) pelo IBGE. A retração seguiu a média nacional de vendas do varejo, que mostrou recuo de 0,1%. Em 19 das 27 Unidades da Federação houve resultados negativos no período, com destaque para Mato Grosso (-4,7%), Acre (- 4,5%) e Rondônia (-4,3%).
Quando comparado a dezembro de 2020, a variação foi de -0,5%, seguindo a queda nacional que foi de -2,9%. Nesse caso, 21 das 27 Unidades da Federação apresentaram resultados negativos. As maiores quedas foram na Bahia (-12,9%), Pernambuco (-11,4%) e Sergipe (-11,1%).
Números do país
Apesar do recuo em dezembro, o acumulado no ano de 2021 apresentou crescimento de 1,4% em relação a 2020. Assim, 2021 foi o quinto ano consecutivo de resultados positivos para o volume de vendas no varejo, com resultado foi bem próximo dos dois anos anteriores, que registraram alta de 1,2% (2020) e de 1,8% (2019). O último ano a acumular perdas em relação ao ano anterior foi 2016 (-6,2%).
O comércio vinha registrando crescimento na primeira parte de 2021 (6,7%), mas teve uma sequência de quedas no segundo semestre, que acabou sendo encerrado com recuo de 3%. O comportamento foi inverso ao ano de 2020, que teve queda no primeiro semestre (-3,2%) e alta no segundo (5,1%).
“Como o primeiro semestre de 2020 foi marcado pelo início da pandemia de Covid-19 no Brasil, com o fechamento do comércio durante vários meses em boa parte do país, a base de comparação para o primeiro semestre de 2021 era baixa e, portanto, o crescimento nesse período era esperado. Já a segunda metade de 2020 foi marcada pela retomada das atividades, enquanto que o mesmo período de 2021 não teve tanta força para o volume de vendas no varejo”, explica o gerente da pesquisa, Cristiano Santos.
Recuos
Cinco setores fecharam o segundo semestre em queda: Móveis e eletrodomésticos (-19,4%), Livros, jornais, revistas e papelaria (-9,7%), Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-8,6%), Combustíveis e lubrificantes (-3,1%) e Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-2,6%). Desses, quatro fecharam o ano de 2021 com retração: Livros, jornais, revistas e papelaria (-16,9%), Móveis e eletrodomésticos (-7,0%), Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-2,6%) e Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-2,0%).
“A atividade de Móveis e Eletrodomésticos teve queda também na passagem de novembro para dezembro (-17,6%). A atividade registra sete meses consecutivos de resultados negativos na comparação interanual, tendo exercido o maior impacto (-1,8 ponto percentual) no total do varejo para o ano. A perda de 7,0% com relação ao ano de 2020, inverte a trajetória de alta (10,6%) registrada na passagem de 2019 para 2020 com relação a 2019”, ressalta Santos.
Segundo o pesquisador, o segmento passa ainda por dificuldades para se adaptar ao rearranjo no consumo que ocorreu para esses produtos em decorrência da pandemia.
“Houve uma antecipação de compras por parte dos consumidores, que resultou em um crescimento rápido seguido de queda. Além desse deslocamento do consumo, o setor sofre interferência da alta do dólar e da redução da renda e, portanto, do poder de consumo da população”, avalia.
Avanços
Por outro lado, Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (4,3%), Tecidos, vestuário e calçados (3,8%) e Outros artigos de uso pessoal e doméstico (0,7%) tiveram resultados positivos na comparação com o segundo semestre de 2020. E essas atividades também encerraram o ano com resultados positivos (9,8%, 13,8% e 12,7%, respectivamente), assim como os Combustíveis e lubrificantes (0,3%)
“De modo geral, o volume de vendas no varejo se aproxima do patamar pré-pandemia. Sendo que alguns setores já se encontram bem acima, como é o caso dos Artigos Farmacêuticos, que já cresce há cinco anos. Por outro lado, as atividades de Livros, jornais, revistas e papelaria e de Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação ainda se encontram bem abaixo”, sinaliza Cristiano Santos.