(Fernando Michel)
As vendas do comércio varejista amargaram queda de 1,7% entre maio e junho no país. Os dados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada ontem, apontam a maior retração para o setor em 2021, após dois meses consecutivos de crescimento. Em Minas, o tombo foi ainda maior e chegou a 2,1%, segunda maior queda da atividade desde novembro do ano passado.
O desempenho nacional representou ainda a segunda maior queda do setor para junho desde o início da série histórica da pesquisa, iniciada em 2000.
Mesmo com o surpreendente resultado negativo – já que a tendência era de novas alta ou estabilidade no indicador –, o varejo contabiliza crescimento de 6,7% no 1º semestre. No acumulado de 12 meses, a alta é de 5,9%. Entre as atividades pesquisadas, cinco tiveram recuo, sendo que o setor de tecidos, vestuário e calçados teve as mais intensa (-3,6%). Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-2,6%), combustíveis e lubrificantes (-1,2%) e hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,5) também recuaram na passagem de maio para junho.
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A queda de 2,1% do comércio em Minas, em junho, veio após grande elevação alcançada em maio – 9,2%. Nos seis primeiros meses do ano, a alta é de 8,2% e, no acumulado dos últimos 12 meses, chega a 9,2%. A despeito da retração “pontual”, especialistas acreditam que o desempenho do comércio varejista deva continuar em crescimento.
Para a economista da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL/BH), Ana Paula Bastos, a retomada corre risco, contudo, se a inflação e o desemprego continuarem em alta. “A alta dos preços corrói a renda das pessoas e o desemprego acaba deixando consumidores sob pressão, comprando somente itens de maior necessidade. Isso pode retrair as vendas no segundo semestre”, explica a economista.
Liquidações e e-commerce
baixa procura por consumidores tem levado comerciantes a trabalhar com margens mínimas de lucro, pensando apenas em ter as lojas abertas. Gerente de uma rede de lojas de jeans em BH, Vany Araújo diz que a empresa optou por liquidar o estoque nos últimos meses. “Estamos trabalhando hoje para conseguir manter a empresa, esperando uma melhora. Não falamos sequer de lucros; queremos apenas pagar as contas”, explica.
Já a empresária Janaína Cunha, dona de uma loja de roupas femininas no bairro Itapoã, na Pampulha, viu as vendas despencarem nos dois últimos meses e intensificou as ações de marketing digital para alavancar vendas. “As redes sociais é que estão segurando o negócio. A maioria das vendas vem do meio digital, mas, mesmo assim, ainda é pouco em relação ao que alcançávamos antes da pandemia”, garante Janaína.
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