Concessionárias voltam a vender após prejuízos com o Mundial, as férias e o medo das manifestações

Depois de amargar quedas nas vendas de até 64% em junho –mês do início da Copa do Mundo no Brasil e de férias escolares–, na comparação com igual mês do ano passado, as concessionárias começam a atrair novamente os clientes. O fato de os consumidores voltarem às compras, no entanto, não deve ser suficiente para que as contas fechem o ano no azul. Pelo contrário. A expectativa é a de que 2014 seja um ano mais fraco que 2013.

Na Orca Veículos, localizada na Pedro II, as vendas caíram 64% em junho, na comparação com o mesmo mês do ano passado. De acordo com o gerente de negócios da concessionária, especializada na revenda de veículos Chevrolet, Helbert Abrão, o mundial de futebol atrapalhou as vendas, que já vinham em um ritmo lento.

Disputa com TV

Para o gerente da Orca, muitos consumidores que planejavam adquirir um veículo decidiram adiar a compra em virtude da Copa. “Para que a pessoa invista em um bem com ticket médio de R$ 30 mil é preciso um bom planejamento. Muita gente preferiu comprar uma TV maior para ver os jogos da Copa e deixou o carro para depois”, avalia.

Outro ponto citado por Abrão como responsável pela queda nas vendas foi a instalação de uma barreira de proteção na fachada da Orca, que está localizada nas proximidades do Mineirão. “Ficamos com medo dos protestos que atingiram as concessionárias da Pampulha no ano passado e achamos melhor prevenir”, disse. Em contrapartida, os carros não ficaram à mostra, reduzindo ainda mais as vendas.

A Forlan, concessionária Ford localizada na Antônio Carlos, também precisou instalar barreiras para se proteger das manifestações. Na concessionária, as vendas em junho caíram 43% na comparação com igual mês do ano passado, conforme afirma Helbert Abrão, que também responde pela concessionária, do mesmo grupo.

“Além da Copa, devemos lembrar que as férias reduziram a quantidade de possíveis compradores na cidade. Com férias, Copa e proteção, a redução é inevitável, pois poucas pessoas entram nas concessionárias e, portanto, temos dificuldade de concretizar as vendas”, diz.

Para ambas as lojas, ele prevê uma redução no faturamento em 2014 no confronto com 2013.

No ano

Na Mila, concessionária Volkswagen, a previsão para o fechamento do ano já foi feita. A expectativa é a de que haja uma redução de 10% do faturamento na comparação com 2013.

Os números apurados em junho, durante a Copa do Mundo, serão determinantes para o desempenho pífio esperado no balanço de encerramento do ano. De acordo com o diretor da empresa, Antônio João Teixeira, as vendas caíram 40% no mês, na comparação com junho de 2013.

O supervisor de vendas da unidade Antônio Carlos, José Hilário Costa Silva, afirma que os clientes voltaram a procurar a concessionária. “Acreditamos que julho poderá quase empatar com o registrado no ano passado”, prevê.

IPI

Na Roma Veículos, concessionária Fiat, a redução nos negócios foi de 20%. Pelo fato de a concessionária estar localizada no bairro Gutierrez, ou seja, longe dos focos de manifestação, não foi necessário cobrir a fachada com tapumes metálicos.

Na avaliação do gerente de vendas Mark Crepalbe, a prorrogação do desconto do Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) para o setor automobilístico terá resultados no médio e longo prazo.

“As vendas devem aquecer mais daqui para frente. Se o preço tivesse aumentado, voltando ao normal, ficaria muito difícil vender”, diz.

Financiamentos de veículos caíram 13% em junho

Os financiamentos de veículos em junho apresentaram redução de 13% na comparação com igual mês do ano passado. No sexto mês de 2014 foram financiados 461.828 veículos, contra 521.865 em junho do ano passado. Entram na conta automóveis de passeio e comerciais leves, motocicletas, veículos pesados e outros.

Os dados foram divulgados nessa quarta-feira (16) pela Cetip, que opera o Sistema Nacional de Gravames (SNG).

Ainda segundo o levantamento, o tíquete médio de financiamento de veículos com até três anos de uso apresentou um leve aumento de 0,2% em junho, na comparação com maio, passando de R$ 27.359 para R$ 27.406.