Confiança em baixa: as críticas da revista britânica sobre a economia

Do Hoje em Dia
09/12/2012 às 07:44.
Atualizado em 21/11/2021 às 19:14

A reação do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, à sugestão da revista britânica “The Economist” para que a presidente Dilma Rousseff demita o ministro da Fazenda, Guido Mantega, parece desproporcional. Não deixaríamos de ser uma república, se a sugestão fosse aceita. Tampouco parece razoável a afirmação de que no próximo ano a taxa de crescimento brasileira será mais alta que a média mundial.

A revista inglesa ouviu analistas sobre a afirmação de Mantega de que o PIB vai crescer 4% no ano que vem e 5% em 2014, e concluiu: “Poucos agora acreditam nele”. Esse é o problema. Como escreveu recentemente o ex-ministro Delfim Netto, confiança é a engrenagem fundamental no funcionamento da sociedade. E os economistas começam a levar em conta a confiança. O economista Fernando Pimentel tem seus próprios problemas a resolver. Não estão voando em céu de brigadeiro nem o desenvolvimento, nem a indústria e nem o comércio exterior. São evidentes os sinais de perigo, para os quais, a julgar pelas declarações do ministro, feitas sexta-feira última ao chegar para a abertura do Fórum Empresarial do Mercosul, em Brasília, ele não parece atento.

Em novembro, o Brasil registrou déficit comercial de US$ 186 milhões. A média diária das exportações caiu 6% em comparação com novembro de 2011. O déficit não foi maior porque as importações despencaram no mesmo período apenas 2,6%.

No mesmo dia em que Pimentel deu as declarações, o jornal “Folha de S. Paulo” revelava que o preço do querosene de aviação no Brasil, puxado pelos impostos, faz os voos para o Nordeste ficarem mais caros do que para a Argentina. Um avião que tem plano de voo para qualquer país estrangeiro pode ser abastecimento no aeroporto de Guarulhos pagando R$ 1,98 por litro. Porém, se a viagem for para qualquer região do Brasil, o preço sobe para R$ 2,65. Nos Estados Unidos, para voos domésticos, os gastos das empresas aéreas são 40% menores do os voos domésticos no Brasil.

A consequência dessas distorções que o ministro Pimentel parece desconhecer é que os brasileiros, mesmo sem a febre observada no ano passado, quando o câmbio supervalorizava o real, continuam viajando muito para fora do país. E gastam no exterior, em viagens de turismo, os dólares que seriam mais bem aplicados em investimentos no Brasil. Sobretudo, quando nossas taxas de investimento se encontram entre as mais baixas da história.

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