Copom aponta cenário externo desinflacionário

Célia Froufe, Eduardo Cucolo e Renata Veríssimo
18/10/2012 às 12:39.
Atualizado em 21/11/2021 às 17:20

Na ata do Copom divulgada nesta quinta-feira pelo Banco Central, a instituição reafirma que, apesar de ter manifestado viés inflacionário no curto prazo, o cenário internacional se mostra desinflacionário no médio prazo. Repetiu também que, desde sua última reunião, os riscos para a estabilidade financeira global permaneceram elevados.

"O Comitê entende que, de modo geral, mantiveram-se inalteradas as perspectivas de atividade global moderada, e pouco se alteraram as restrições às quais estavam expostas diversas economias maduras", diz a ata. Em relação às economias emergentes, o documento diz que o ritmo de atividade permaneceu moderado.

O Copom repetiu ainda a avaliação de que, desde a penúltima reunião, surgiram evidências de pressões localizadas de preços, decorrentes de um choque desfavorável de oferta no segmento de commodities agrícolas. "Para o Comitê, esse choque tende a ser menos intenso e menos duradouro do que o ocorrido em 2010/2011, bem como tende a reverter no médio prazo", reafirma o BC.


Volatilidade

O Comitê de Política Monetária diz que, apesar do ambiente de riscos elevados, a volatilidade e a aversão ao risco diminuíram desde a reunião de agosto influenciadas em parte "por ações não convencionais de política monetária em importantes economias maduras". A instituição avalia ainda que essas medidas não convencionais devem aumentar "a liquidez nos respectivos mercados, bem como preços de commodities, no curto prazo".

O Copom reafirmou que a economia global enfrenta período de incerteza acima da usual, com perspectivas de baixo crescimento por tempo prolongado. Diz ainda que os indicadores desagregados de compras, como o Purchasing Managers Index (PMI), referentes a setembro sugerem atividade global moderada, apesar de alguma melhora na margem nos Estados Unidos.

A ata apresentou apenas uma alteração para as projeções de reajuste de preços de produtos e serviços administrados ou monitorados este ano. De acordo com o colegiado, o reajuste da tarifa de telefonia fixa para 2012 reduziu-se para -1,3% ante -1,0% considerado na reunião do Copom de agosto.

Para 2013, porém, houve uma forte redução da estimativa, conforme já constava no Relatório Trimestral de Inflação. Para os demais itens acompanhados pelo Comitê, não houve alteração. A projeção para o reajuste no preço da gasolina em 2012 foi mantida em 0%, assim como a estimativa para o reajuste no preço do gás de cozinha este ano. No caso de eletricidade, os diretores mantiveram a perspectiva de alta de 1,4%.

A projeção de reajuste para o conjunto de preços administrados por contrato e monitorados para este ano manteve-se em 3,6%. Para o próximo ano, a projeção do BC para esse conjunto de preços sofreu uma forte redução, de 4,5% para 2,4%. "Cabe destacar que, em grande parte, o recuo na projeção para 2013 se deve à redução estimada nas tarifas de energia elétrica", destacaram os diretores. Vale lembrar, no entanto, que, no relatório, o colegiado já considerada uma redução de 0,50 ponto porcentual para esse setor, que passa por negociação de concessões com o governo federal.

Produtos in natura

O Copom destacou ainda a continuidade dos riscos decorrentes da instabilidade dos preços de produtos in natura e de grãos vista, por exemplo, na dinâmica dos preços no atacado. No documento, o colegiado avaliou, como decrescentes, os riscos derivados da persistência do descompasso, em segmentos específicos, entre as taxas de crescimento da oferta e da demanda.

O grupo destacou, entretanto, a estreita margem de ociosidade no mercado de trabalho, apesar dos sinais de moderação nesse mercado, e ponderou que, nessas circunstâncias, um risco significativo reside na possibilidade de concessão de aumentos de salários incompatíveis com o crescimento da produtividade e suas repercussões negativas sobre a dinâmica da inflação.

"Por outro lado, observa que o nível de utilização da capacidade instalada se encontra abaixo da tendência de longo prazo, ou seja, está contribuindo para a abertura do hiato do produto e para conter pressões de preços."
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