LONDRES - O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, defendeu a estratégia do governo federal de tentar atrair bancos privados para o financiamento do programa de concessões de obras de infraestrutura com a liberação de R$ 15 bilhões retidos no Banco Central, o chamado compulsório dos bancos. Segundo ele, o dinheiro vai poder ser usado tanto no financiamento direto a projetos de infraestrutura quanto na compra de debêntures (títulos de dívida) emitidos por empresas que investem em rodovias, ferrovias, portos, aeroportos ou energia. "É saudável porque traz competição para o mercado e traz um novo ator para o mercado de longo prazo", disse Coutinho, que participou de um seminário com investidores internacionais, em Londres. O valor a ser liberado é uma pequena parte do compulsório, que tem depósitos de mais de R$ 350 bilhões, mas indica uma tentativa do governo de modificar o quadro do financiamento de longo prazo no país, concentrado nos bancos estatais. Analistas de bancos privados ouvidos pela reportagem ontem, na capital britânica, avaliaram que é mais provável que o dinheiro do compulsório seja mais usado na compra de debêntures do que no financiamento direto. Um dos entraves apontados é que desde que o Conselho Monetário Nacional decidiu abrir o compulsório para o financiamento de infraestrutura, ainda não foram modelos para os empréstimos serem operacionalizados. Indagado, Luciano Coutinho disse que dois grandes bancos privados -sem citar quais- já demonstraram interesse nesse tipo de operação se desenvolvida em conjunto com o BNDES que tem expertise em financiamentos de longo prazo.