O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, disse nesta sexta-feira que o governo deve, agora que a Selic está nos níveis mais baixos da história do País, ajudar em uma transição do estoque de poupança em instrumentos de financiamento de longo prazo, em reais. "Nada melhor do que combinar a emissão de debêntures e outros produtos financeiros que consigam utilizar essa poupança massivamente para suportar os investimentos", disse, durante palestra no seminário Infraestrutura: os Impactos na Economia, organizado pela InterNews, na capital paulista.
Coutinho disse que o Brasil precisa transformar poupança em crédito de longo prazo em reais. Segundo ele, as condições para isso já estão dadas após a revisão da Lei n.º 12.431, que cria benefícios fiscais com o propósito de incentivar o desenvolvimento de um mercado privado de financiamento de longo prazo.
"Precisamos oferecer instrumentos que combinem a necessidade de remuneração da poupança com o lastro de ativos confiáveis, e nada melhor do que infraestrutura. Isso significa desenvolver fontes novas de financiamento de longo prazo com base no mercado de capitais ou do sistema bancário", afirmou.
O objetivo dessa estratégia, de acordo com Coutinho, é o BNDES dividir com o mercado o financiamento de investimentos, deixando claro que o ideal é que essa captação seja feita em moeda local (reais) para que não haja uma vulnerabilidade a impactos cambiais. "Isso não significa que o BNDES vai diminuir em termos absolutos e, sim, que o mercado precisa crescer."
Ele afirmou ainda que seu "desejo" é de que o Brasil atinja uma taxa de investimento em torno de 25% do Produto Interno Bruto (PIB) para que o País possa crescer de modo sustentável. "Se subir mais do que isso poderemos sustentar crescimento entre 5% e 6% ao ano. Vai depender da nossa capacidade de estruturar um sistema de financiamento", afirmou.
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