FILÃO – A empreendedora Janaína Cotes se profissionalizou investindo em cursos de gestão e produção de doces e chocolates (Maurício Vieira)
As datas comemorativas são apontadas como as principais razões que fazem 54,4% do comércio varejista mineiro acreditar que o primeiro semestre de 2022 será melhor que as vendas do mesmo período do ano passado, aponta pesquisa da Fecomércio MG divulgada nesta quarta-feira (23). A Páscoa, próxima celebração no calendário, vai impactar 12,6% dos comércios pesquisados, e as movimentações em torno deste mercado já começaram.
De acordo com dados do Sebrae Minas, o setor de confeitaria movimentou R$12 bilhões em 2021. Considerando só o período da Páscoa, o faturamento do segmento foi de R$ 64,5 milhões, o que equivale a aumento de 84% em relação a 2020. “Pesquisa da UFMG e Fiocruz aponta que houve aumento de 47% no consumo de doces em todo o país e que quase 70% dos adultos de 18 a 29 anos consomem doces pelo menos duas vezes na semana”, explica Marina Moura, analista do Sebrae Minas. Segundo a analista, considerando o avanço da vacinação e a volta das reuniões familiares, a expectativa é de crescimento para 2022.
Só neste mês de fevereiro, a confeiteira Danielle Neves capacitou 1.300 pessoas durante três dias do projeto Confeitar Minas, realizado em parceria com o Sebrae-MG com a proposta de incentivar o empreendedorismo feminino. “Nosso trabalho é atualizar as pessoas não só com receitas, mas também saber fotografar para divulgar nas redes, formalizar a empresa, utilizar o marketing para aumentar as vendas mas, principalmente, para ensinar a precificar o produto porque, às vezes, ela só reproduz o preço de outra confeiteira e, no final, pode estar perdendo dinheiro”, diz Danielle.
Mercado aquecido
A organizadora garante que o mercado está aquecido e que não é necessário grandes investimentos para começar. Danielle conta que o faturamento na atividade varia de acordo com o tempo e dinheiro investidos. “A renda depende do empenho; pode gerar R$500 por semana ou, como muitos casos, até R$5 mil”, diz.
Danielle destaca que a principal tendência para Páscoa deste ano são os ovos de colher artesanais que, em média, são comercializados a R$65 e que as grandes indústrias ainda não conseguiram reproduzir.
Ela estima que, se a empreendedora souber selecionar fornecedores e realizar cálculos corretos para precificar o negócio, a margem de lucro dos doces pode chegar a 200%. “Com uma barra de chocolate de 1kg comprada por R$30, ela produz 4 ovos de 250 gramas, que é encontrado em qualquer supermercado por, no mínimo, R$40. Mas existem outras configurações, ela pode fazer vários ovinhos de 50 gramas”, afirma.
Em tempo
A analista do Sebrae Mariana Moura garante que ainda dá tempo de se preparar para empreender nesta Páscoa. “O interessante é identificar algo que a empreendedora goste e saiba fazer para que ela consiga identificar uma oportunidade de mercado. Há uma variedade de produtos na confeitaria: faça uma análise do que está sendo mais consumido, se prepare de forma técnica para gastar menos com insumos e começar com utensílios que tem em casa, para pessoas próximas e familiares testarem”, aconselha.
Depois de 15 anos produzindo doces em casa, a empreendedora Janaína Cotes se profissionalizou investindo em cursos de produção e gestão. Ela diz que no início não dominava todas as áreas da confeitaria e hoje tem loja própria no bairro Castelo, na capital mineira. Ela atesta que as pessoas passaram a consumir mais açúcar na pandemia e que a valorização do artesanal também cresceu. “A procura por produtos artesanais na loja cresceu 35% nos últimos dois anos”, diz.
Por causa do bom desempenho no ano passado, a empreendedora estima vender R$ 50 mil nesta Páscoa, um crescimento de 20% em relação a 2021. A empreendedora também elegeu o ovo de colher como carro-chefe da data, mas também, aposta na produção de caixas de bombons, trufas e balas delícia.