O número de aparelhos homologados pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para operarem com a tecnologia 4G passou de 11, em abril deste ano, quando as operações da nova rede começaram, para 31, no início de outubro. Mas, apesar da oferta de aparelhos quase ter triplicado, as operadoras ainda estão longe de atingir os 4 milhões de usuários previstos pela agência para 2013 e terão que pisar no acelerador para aumentar a cobertura.
Conforme divulgado pela Anatel, em agosto, do total de 85,3 milhões de acessos banda larga, apenas 399 mil foram por uso da rede 4G. No início da implementação da tecnologia, em abril último, uma das dificuldades para usar a rede era a escassez de celulares compatíveis e o alto preço dos modelos disponíveis.
De acordo com o analista de telecomunicações da empresa de consultoria International Data Corporation do Brasil (IDC), Samuel Rodrigues, até o final do ano poderão ser homologados mais 15 aparelhos, e a concorrência poderá reduzir preços.
“Nos primeiros meses de operação, não havia aparelhos por menos de R$ 2.500 em planos pré-pagos, em que não são consideradas vantagens para fidelização de clientes. Hoje, já existem aqueles próximos a R$ 1 mil. Ainda não é um valor tão acessível, mas a tendência é de que fique mais barato com a chegada de mais opções”, afirmou.
Infraestrutura
Com mais aparelhos e a consequente diminuição de preços, a falta de infraestrutura pode ser o principal motivo do baixo acesso, já que, por enquanto, a rede está restrita às cidades que serão sede e subsede da Copa do Mundo e quase nenhum município tem 100% dos bairros com cobertura.
A dificuldade de ter acesso a um sinal de qualidade do 4G em Belo Horizonte é o que incomoda o consultor em Tecnologia da Informação Warley Brant. Há três meses ele é usuário da tecnologia e confessa que se surpreende com a velocidade da conexão, mas lamenta que essa vantagem esteja restrita a certos pontos da cidade.
“Na região Centro-Sul e na região do Barreiro, não há cobertura. Na verdade, são poucos os locais com bom sinal em toda a BH e, se a pessoa estiver em movimento, de carro ou ônibus, é quase impossível permanecer conectado por mais de 10 minutos. Esse tempo foi o máximo que consegui, e aí já conecta na 3G”, disse Brant.
Cronograma da Anatel é desafio para telefônicas
O gerente regional da Vivo em Minas Gerais, Renato Gomes, informa que a operadora tem participação de mercado de 40,5% no uso do 4G no Estado e que o cronograma imposto pela Anatel foi cumprido com adiantamento, pois Uberlândia e Juiz de Fora, que receberiam a cobertura em dezembro, já têm a tecnologia desde o início de outubro.
De acordo com Gomes, a empresa cobre 52 bairros da capital mineira e o trabalho atual é para otimizar as áreas já cobertas e fazer ampliações. “Para amenizar a limitação do 4G, é feita uma transição automática para a segunda melhor tecnologia da região, que é o 3G. Além disso, para melhorar a cobertura, são instalados sites, tipo de antena específica para áreas com grande população e intervenções urbanas, que interferem no sinal”, diz Gomes.
Em nota, a TIM informou que o cronograma estipulado para implantação do 4G, para a qual serão investidos R$ 1,5 bilhão em três anos, está sendo mantido e que segue com o modelo de compartilhamento da rede de acesso com a Oi. Essa, por sua vez, informou, por e-mail, que tem feito a expansão contínua da rede 4G usando a estratégia de redes heterogêneas para otimizar a performance. A Claro não respondeu à solicitação de entrevista.