Com o dólar alto que incentiva as exportações e prejudica os gastos dos brasileiros no exterior, o rombo das contas externas brasileira caiu mais da metade em maio. O déficit de todas as trocas de serviços e do comércio do país com o resto do mundo ficou em US$ 3,4 bilhões: 57% a menos que no mesmo mês do ano passado. Os dados foram divulgados na manhã desta segunda-feira pelo Banco Central.
"As contas externas são impactadas, principalmente, pela alta do dólar e menor dinamismo da economia", frisou o chefe do departamento econômico, Túlio Maciel, completando: "Essa redução do déficit da conta corrente se reflete em várias contas como balança comercial, balança de serviços e rendas".
Segundo a autoridade monetária, os dados dos cinco primeiros meses do ano também mostram uma mudança do perfil das contas externas do país. O rombo em transações correntes caiu de US$ 44,9 bilhões para 35,8 bilhões.
No entanto, os investimentos estrangeiros no país também caíram. Em maio do ano passado, entraram US$ 9,6 bilhões. Agora, o ingresso foi de US$ 6,6 bilhões. Apesar da queda, ele cobre com folga o déficit das contas externas.
Para os especialistas, isso é considerado o melhor tipo de financiamento, já que o investimento chega para aumentar a capacidade de produção das fábricas. No ano, o Brasil já recebeu US$ 25,5 bilhões: 35% a menos que nos cinco primeiros meses de 2014.
O investimento deve ficar praticamente estável em relação ao que entrou no ano passado: 4,12% do Produto Interno Bruto (PIB). Isso porque o BC espera o ingresso de US$ 80 bilhões. No ano passado, a entrada foi de US$ 96,9 bilhões, mas a estimativa do Banco Central leva em consideração que a economia brasileira vive uma recessão.
Nesse quadro de queda da atividade e dólar mais alto, a importação deve cair, a exportação subir, as viagens para o exterior devem ser adiadas e as empresas devem remeter menos lucro para o exterior. Isso tudo faz um ajuste nas contas externas - que passaram anos quebrando recordes seguidos de déficit.