(Luiz Costa)
Até 2015, o mercado de tradução e interpretação deverá movimentar US$ 38,12 bilhões em todo o mundo, segundo estimativas do instituto norte-americano Common Sense Advisory. No Brasil, as oportunidades vão muito além da Copa do Mundo ou das Olimpíadas, como se poderia imaginar, e estão surgindo principalmente nas áreas corporativa, acadêmica e virtual.
De acordo com o professor e diretor da Focus Soluções em Idiomas, Cláudio Aguiar, o processo de diversificação dos negócios internacionais do Brasil, que aproximou o país de uma série de novas nações, além da evolução da pesquisa científica nacional, vem contribuindo para o aumento da procura por profissionais de línguas estrangeiras.
“Há 20 ou 30 anos, já existia esse mercado, mas ele era muito pequeno e instável. Hoje, seja pelas vias do comércio ou da cultura, por meio de intercâmbios, (a tradução) é uma atividade estruturada”, diz Aguiar.
Compromisso
Mas, apesar do bom momento, o professor adianta que conhecer outro idioma – ou mesmo ser fluente nele – não é o suficiente para atuar no segmento. Mais do que isso, é indispensável ter conhecimento sobre o assunto abordado e estar a par do contexto em que está inserido o texto ou o discurso original.
“Dominando o tema fica mais fácil, porque a pessoa conhece as palavras técnicas e consegue escolher as mais adequadas para a tradução. Ser tradutor e intérprete não é fácil”, afirma.
Para aqueles que encaram o desafio, a formação profissional ocorre por meio de cursos de idiomas, graduação, extensão ou pós-graduação. Mas vale ressaltar que, em território brasileiro, a profissão não é regulamentada, a não ser para os tradutores juramentados, aprovados em concursos realizados pela Junta Comercial regional e autorizados a traduzir documentos oficiais.
Remuneração
Nesse caso, os preços cobrados pelo serviço são tabelados pelo Sindicato Nacional dos Tradutores (Sintra). A tradução de um texto em idioma estrangeiro para o português, por exemplo, custa R$ 0,30 cada palavra. Já a tradução livre, como é chamado o trabalho não-oficial, tem o preço determinado pelo profissional.
“O cliente que não entende bem aceita o preço mais baixo, mas pode se decepcionar com a qualidade. Não dá para esconder conhecimento. Ou a pessoa sabe ou não sabe e, quando não sabe, joga o preço lá embaixo”, diz a tradutora juramentada Ana Laura Junqueira Fonseca.
Para ela, a pontualidade na entrega e o comprometimento com a qualidade do serviço são fatores que valorizam o trabalho do tradutor.
“Reviso muitas traduções que são feitas literalmente, de maneira ridícula, usando tradutores eletrônicos. A pessoa não é capaz nem de ler e corrigir. Nessa área, não podemos fazer por fazer”, afirma Ana Laura.