A taxa de desemprego na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) subiu pelo quarto mês consecutivo. Saltou de 4,9% em novembro de 2012 para 6,2% em fevereiro e chegou a 7% em março, o que corresponde a um avanço de 52%.
Em números absolutos, são 170 mil homens e mulheres desempregados na capital e cidades vizinhas. Também houve expansão com relação a março do ano passado, quando o indicador havia sido de 5,4%.
Além de BH, a piora no mercado de trabalho foi verificada nas outras seis regiões brasileiras pesquisadas pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Na média nacional, a taxa subiu de 10,4% para 11%.
Na capital mineira e seu entorno, em março, todos os setores cortaram vagas. Sozinho, o Comércio foi responsável pela demissão de 22 mil pessoas.
O que os pesquisadores apuraram nas estatísticas o presidente do Sindicato dos Empregados do Comércio de Belo Horizonte e Região Metropolitana, José Alves Paixão, percebeu na prática.
Segundo ele, em todo o ano passado, 27 mil profissionais com mais de um ano de casa perderam o emprego. Neste ano, até agora, o número de homologações chega a 17 mil.
Entre as causas do que chama de “onda crescente de demissões” estão as obras nas avenidas Antônio Carlos, Paraná e Santos Dumont, que afastaram a freguesia, a inflação e o aumento dos índices de inadimplência.
“Com tantos gastos, as pessoas freiam o consumo. No primeiro sinal de vendas menores, o patrão corta custos. Sobra para o empregado”, diz Paixão.
Segundo o economista da Federação do Comércio de Minas Gerais (Fecomércio-Minas), Gabriel de Andrade Ivo, o setor vive um momento de dúvida em relação à economia, o que talvez justifique os cortes. “O comércio começou o ano patinando. No país, as vendas cresceram 0,5% em janeiro, mas caíram 0,4% em fevereiro, de acordo com o IBGE. Vamos esperar março e maio, quando temos o Dia das Mães, nossa segunda melhor data, para tirar conclusões”, diz.
Para o presidente do Conselho de Relações do Trabalho da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Osmani Teixeira, o aumento da taxa de desemprego, principalmente no comércio, pode ser um aviso de que o modelo de desenvolvimento econômico com base no consumo esteja se exaurindo.
A indústria de transformação ficou em segundo entre os setores que mais demitiram em março – foram 6 mil vagas. “Principalmente mineração e tecidos têm sofrido muito, em função da queda das exportações. Vamos ver se o conjunto de medidas adotado pelo governo dará resultado”, diz Osmani.
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