Desvalorização das moedas pode ser menor no Brasil

Bruno Porto - Hoje em Dia
28/01/2014 às 07:15.
Atualizado em 20/11/2021 às 15:37
 (Leo La Valaente/AFP)

(Leo La Valaente/AFP)

A crise na Argentina e na Turquia respingou na última segunda-feira (27) no dólar, que fechou a R$ 2,425, maior nível desde 22 de agosto de 2013. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) também se contaminou com esse pessimismo dos investidores com os mercados emergentes e encerrou em baixa de 0,18%, aos 47.701 pontos. O alto nível das reservas cambiais brasileiras, porém, ameniza o impacto do reposicionamento dos investidores diante do fim gradual dos estímulos à economia norte-americana.

A exemplo do que acontece nos demais países emergentes, a tendência é de continuação da desvalorização cambial no Brasil. O país, no entanto, não deverá sofrer como a Argentina. No país vizinho, a crise cambial instalada acarretou desajustes econômicos graves em virtude de fundamentos mais frágeis da economia daquele país.

De 2008 a 2013, Estados Unidos e Europa reduziram as taxas de juros a quase zero para combater a crise financeira. Além disso, os Estados Unidos injetaram quase US$ 1 trilhão por ano na economia, aumentando a liquidez e a oferta de dólares nos mercados.

Com a abundância de dólares e juros baixos nos países desenvolvidos, os investidores direcionaram os recursos para os países emergentes, que, apesar do maior risco, pagavam taxas elevadas.

“Agora, o que ocorre é o mundo voltando ao normal. A recuperação forte dos Estados Unidos e parte da Europa, como Inglaterra, atraem novamente o investidor. A dependência de capital externo vai ditar o impacto desse movimento em cada país”, diz o professor de economia internacional da faculdade Ibmec, Reginaldo Nogueira.

Nesse caso, o Brasil tem força para suavizar os impactos. O derretimento do real é inevitável, mesmo que em velocidade menor do que no grupo de países chamados de frágeis: Brasil, Índia, Indonésia, Turquia, África do Sul, Argentina e Venezuela.

Apesar de o Brasil precisar de moeda estrangeira (encerrou 2013 com déficit de US$ 81,374 bilhões em suas transações correntes), há uma reserva internacional de US$ 375 bilhões. “O governo pode sacar e vender os dólares para evitar movimentos mais bruscos, porém não é possível alterar a tendência de desvalorização do real”, afirma Nogueira.

O professor da Escola de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Samy Dana acrescenta o fator China no cenário. “Eles têm apresentado indicadores de crescimento a taxas mais baixas. E, como falta transparência, há receio da não veracidade das informações. Se Argentina e China entram em crise, aí o Brasil pode se dar mal”, diz.
 

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