Dilma parte para briga no Congresso pela MP da energia

Tânia Monteiro
22/11/2012 às 09:42.
Atualizado em 21/11/2021 às 18:30

A presidente Dilma Rousseff começou a costurar com lideranças do Congresso um acordo para garantir a aprovação da medida provisória que fixa as regras para a renovação das concessões do setor elétrico.

Preocupada em garantir que não haja nenhuma alteração substancial no texto da MP 579, a presidente se reuniu na quarta-feira (21) pela manhã, no Palácio do Planalto, com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e com o relator da MP, senador Renan Calheiros (PMDB-AL).

Mesmo com uma presença maciça de aliados na comissão mista especial criada para analisar a medida no Congresso, a presidente Dilma, com o convite aos senadores, deu uma demonstração de que está acompanhando de perto a tramitação da proposta e pretende contar com todo o apoio das lideranças do Congresso para manter intacto o texto da medida.

Na conversa, a presidente reiterou a pressa em aprovar a MP e deixou claro, mais uma vez, que o governo não vai se intimidar com as pressões do setor elétrico. O Planalto quer votar o texto como ele foi enviado ao Congresso, sem alterações, sem atender em nada as empresas. Dilma tentou repassar aos parlamentares a ideia de que é preciso resistir às pressões das elétricas.

Recado semelhante já havia sido repassado pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, na semana passada, e repetido pelos representantes do Ministério das Minas e Energia. A presidente Dilma já avisou que não vai ceder às pressões das empresas que estão contra as normas de renovação das concessões do setor.

‘Pegar ou largar’

Nem mesmo as constantes afirmações de analistas do mercado financeiro de que as empresas do setor estão tendo grandes perdas e estão se descapitalizando preocupam a presidente Dilma. Ela está convencida de que está fazendo o certo e que para as empresas concessionárias é "pegar ou largar".

Auxiliares da presidente Dilma lembram que as empresas do setor, acostumadas às renovações automáticas, não acreditavam que o Planalto fosse mudar o sistema e peitá-las, mesmo depois de inúmeros avisos, desde o início do mandato. "O governo avisou que as concessões não eram mais automáticas e eles não acreditaram", comentou um interlocutor da presidente, ao avisar que a disposição do Planalto é "pagar pra ver".

Esse interlocutor de Dilma informou ainda que "o governo não raciocina com a hipótese de aumentar o valor das indenizações nem no valor das tarifas".
Para o Planalto, esse tema não é como o Código Florestal, que com um decreto o governo pode resolver o problema. É um tema delicado, importante, mas não vai aceitar as pressões das empresas. Se as concessionárias não quiserem renovar seus contratos, elas terão de devolver as concessões e explicar para a população e para o Congresso por que querem manter tarifas altas de energia.

Um dos motivos da pressa do governo com a votação é que o Planalto não quer descumprir a promessa feita antes das eleições municipais de reduzir as contas de luz da população e das empresas em 20%, em média, a partir do início do próximo ano. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
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