A direção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) concordou em receber nesta terça-feira (29) representantes da Executiva Nacional do Sindicato Nacional dos Trabalhadores em Fundações Públicas Federais de Geografia e Estatísticas (ASSIBGE-SN).
Segundo o sindicato, os servidores aguardam um posicionamento da direção do IBGE sobre o adiamento da divulgação da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), que mostra a taxa de desemprego em todo o Brasil. Se não houver avanço nas negociações, o atual estado de greve sinaliza para uma paralisação geral a partir da reunião da Direção Nacional plena da ASSIBGE-SN, marcada para o próximo dia 15 de maio.
A reunião entre a direção e os servidores está marcada para 11 horas desta terça-feira. Nas assembleias da semana passada, funcionários já tinham acertado para amanhã uma interrupção temporária dos trabalhos nas filias de São Paulo, Paraíba e Rio de Janeiro. Outras filiais realizam assembleias ao longo dessa semana.
A crise institucional começou no último dia 10 de abril, quando a presidente do IBGE, Wasmália Bivar, anunciou a suspensão do calendário de divulgações da Pnad Contínua até janeiro do ano que vem. O argumento era a necessidade de aprimorar o cálculo da renda domiciliar per capita para atender a exigências da lei complementar que determina o indicador como base para o rateio do Fundo de Participação dos Estados. No entanto, como a decisão foi motivada por pedidos de senadores, houve suspeitas de ingerência externa no órgão. A crise motivou o pedido de desoneração de duas diretoras e 18 coordenadores também ameaçaram uma entrega coletiva de cargos.
A polêmica ganhou combustível na semana passada, quando servidores aprovaram em assembleia um indicativo de greve em cinco Estados: Alagoas, Pernambuco, Espírito Santo, Maranhão e Rio de Janeiro. Os trabalhadores reivindicam que a direção do órgão reveja imediatamente a decisão de suspender as próximas divulgações da Pnad Contínua. Mas também constam na lista de reivindicações a realização de concursos públicos, valorização salarial, recomposição do orçamento do instituto e garantia de autonomia técnica no órgão.
Segundo Ana Magni, diretora do ASSIBGE-SN, os funcionários podem paralisar os trabalhos a qualquer momento. A greve só não foi decretada imediatamente para não correr o risco de atrapalhar os técnicos que tentam assegurar a divulgação da pesquisa prevista para junho.
Em 2012, uma greve de servidores do IBGE prejudicou por alguns meses a divulgação da taxa de desemprego divulgada pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME), que abrange as seis principais regiões metropolitanas do País. A apuração dos dados de Salvador e Rio de Janeiro não ficou pronta a tempo de cumprir o calendário da pesquisa, por conta da paralisação dos trabalhos.
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