O diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton Araújo, evitou rebater a afirmação do ministro da Fazenda, Guido Mantega, feita em entrevista exclusiva ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, de que inflação no centro da meta em 2014 deve ser respondida pelo BC. "Não sou do colegiado que define metas e não cabe a mim falar sobre revisão em 2014", disse o diretor, nesta sexta-feira (7) em Porto Alegre.
Hamilton evitou ainda comentar sobre a política monetária, como uma possível nova elevação da taxa Selic, mesmo sendo um dos membros do Comitê de Política Monetária (Copom). Da mesma forma, ele não comentou o retorno do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para o teto da meta de 6,50% no acumulado em 12 meses nem a perspectiva de que o indicador possa romper o limite nas próximas divulgações.
Ele argumentou que a ata da última reunião do Copom, que trouxe um aumento de 0,50 ponto porcentual na taxa de juros Selic, já relata a preocupação do governo com a alta do indicador. "A ata já externa que no curto prazo a tendência é de elevação da inflação em 12 meses", disse.
Hamilton afirmou ainda que a ameaça da Standard & Poors de rebaixar a nota de risco de crédito para o Brasil, conforme foi divulgado na noite de quinta-feira, 6, "faz parte do trabalho da agência e temos de respeitar" e que, por isso, não queria avaliar a medida. "Não vou comentar se avaliação da S&P é justa ou não", disse. O diretor do BC ressaltou que a S&P trouxe apenas a possibilidade de revisão e lembrou que as "outras duas grandes agências de risco (Moodys e Fitch) trazem 'outlooks' estável e positivo".
Indagado sobre o fato de a S&P justificar a decisão com a piora das contas públicas brasileiras, Hamilton afirmou que "a razão entre a dívida púbica e o PIB depende de vários fatores e o superávit primário é apenas um deles". Hamilton considera ainda ser difícil dimensionar se a possibilidade de revisão no rating trará um impacto no investimento no País.
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