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Após o alívio na sessão anterior, quando interrompeu série de seis altas, o dólar voltou a subir nesta quarta-feira (11) e fechou cotado a R$ 3,12. Já a Bolsa quebrou sequência de cinco baixas e encerrou o dia com alta superior a 1%.
O dólar à vista, usado como referência no mercado financeiro, encerrou o dia com alta de 0,89%, a R$ 3,121, no maior valor desde 28 de junho de 2004. O dólar comercial, utilizado no comércio exterior, avançou 0,80%, a R$ 3,129, retornando ao patamar de segunda-feira.
O Ibovespa, principal índice do mercado acionário brasileiro, subiu 1,27%, a 48.905 pontos. Das 68 ações negociadas, 44 subiram, 22 caíram e duas se mantiveram inalteradas.
OSCILAÇÃO
A moeda americana teve um dia de bastante oscilação, no qual chegou a subir para R$ 3,14 e a cair até R$ 3,08. De acordo com analistas, a queda, pontual, teria sido motivada por uma operação de venda de parte da posição de um grande fundo, o que aumentou a oferta de dólar no mercado, causando a queda.
No entanto, a tendência de alta pesou e o dólar passou a subir no mercado cambial no meio da tarde desta quarta (11). "Entendemos que o dólar é pressionado para cima e que não há motivo para a queda", avalia Fabiano Rufato, gerente-sênior da mesa de câmbio da corretora Western Union.
"Contribui para esse cenário a indefinição do Banco Central em relação ao programa de swaps cambiais (equivalentes a uma venda futura de dólares). Ele tem diminuído a rolagem dos contratos que vencem em 1º de abril e já sinalizou que não pretende intervir no câmbio", complementa.
Na manhã desta terça (10), o Banco Central deu sequência ao seu programa de intervenções no mercado de câmbio, negociando contratos de swap cambial.
A valorização do dólar também foi observada ante outras divisas no exterior. Das 24 principais moedas emergentes, apenas 11 conseguiram se apreciar em relação à divisa americana.
CENÁRIO POLÍTICO
Os investidores analisaram durante o dia o acordo alcançado entre o governo e Congresso sobre o reajuste da tabela do Imposto de Renda.
"O acordo, fechado entre o ministro Joaquim Levy (Fazenda) e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), teria mostrado um consenso entre o governo e Congresso na tentativa de colocar as contas em dia", afirma Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora.
No entanto, outros temem que, após ceder nessa questão, o governo tenha que abrir mão de outras medidas para conseguir levar à frente seu ajuste fiscal. "Todas as propostas que a presidente Dilma [Rousseff] e Joaquim Levy [Fazenda] fizerem vão precisar de diplomacia e de margem de manobra para conseguir aprovação, que foi o que faltou na primeira derrota do governo no Congresso", avalia Alexandre Wolwacz, diretor da escola de investimentos Leandro & Stormer.
Na semana passada, o presidente do Congresso, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), devolveu medida provisória que aumentava tributos pagos por empresas de vários setores, apresentada pelo governo ao Congresso no fim da semana passada.
BOLSA
Na Bolsa, o volume financeiro foi de R$ 7 bilhões, acima do giro médio diário no ano, que é de R$ 6,6 bilhões, até o dia 10. Além do acerto em torno do reajuste da tabela do IR, os investidores analisaram dados de produção industrial na China.
A produção industrial da China cresceu 6,8% em janeiro e fevereiro na comparação com o mesmo período do ano passado, informou a Agência Nacional de Estatísticas nesta quarta-feira (11). Foi a expansão mais fraca desde a crise financeira global no final de 2008.
As ações da Vale, que tem no gigante asiático o principal destino para suas exportações de minério de ferro, caíram no pregão. Os papéis preferenciais da mineradora tiveram baixa de 1,45%, a R$ 16,33. As ações ordinárias caíram 1,26%, a R$ 18,86.
Os papéis da Petrobras se recuperaram da queda sofrida nos três pregões anteriores e subiram. Os papéis preferenciais -mais negociados e sem direito a voto- tiveram alta de 2,81%, a R$ 8,79. As ações ordinárias -com direito a voto- subiram 1,80%, a R$ 8,47.
O petróleo subiu no mercado internacional. O barril do WTI, negociado em Nova York, teve alta de 0,04%, a US$ 48,31. O Brent, negociado em Londres, teve alta de 2,62%, a US$ 57,87.
Para Alexandre Wolwacz, diretor da escola de investimentos Leandro & Stormer, a alta da Bolsa no pregão ocorreu por uma avaliação de investidores que alguns papéis estavam baratos. "Alguns analistas já acreditam que a queda dos últimos pregões é uma precificação do rebaixamento da nota de crédito do país", diz.
"Se houver um rebaixamento, os fundos e investidores estrangeiros vão ter que reposicionar seu portfólio, o que pode causar novas quedas da Bolsa", ressalta Wolwacz.