Economia contraria vontade do governo e não mostra sinais de recuperação

Janaína Oliveira - Do Hoje em Dia
05/10/2012 às 07:07.
Atualizado em 22/11/2021 às 01:49
 (Agência Vale)

(Agência Vale)

O sinal amarelo está acesso para a economia brasileira. Uma série de indicadores econômicos divulgados na última quinta-feira (4) mostram que a propalada recuperação da atividade econômica neste segundo semestre ainda não é corroborada por números.

Entre os dados da última quinta-feira (4), a Confederação Nacional da Indústria (CNI) apontou que, em agosto, foi atingido o menor nível de utilização da capacidade instalada da indústria desde fevereiro de 2010.

A Associação dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) contabilizou queda de quase 5,7% na produção de veículos em 2012 até setembro, comparado com o mesmo período de 2011.

E a Serasa Experian divulgou o aumento de 25% no número de pedidos de falências em setembro.

Além disso, a Vale, pressionada pela queda na demanda internacional, comunicou a interrupção temporária de três unidades de pelotização de minério, uma em São Luiz e duas no complexo do Porto de Tubarão, em Vitória.

Alerta

O conjunto dos dados são um forte sinal de alerta para os timoneiros da economia, segundo analistas ouvidos pelo Hoje em Dia.

Para o vice presidente do Conselho Regional de Economia de Minas Gerais (Corecon-MG), Fabrício Augusto de Oliveira, os indicadores econômicos ruins evidenciam o desfalecimento da demanda interna e externa e mostram que os remédios anticrise adotados pelo Palácio do Planalto não têm surtido o efeito esperado.

“É como se o governo tivesse apenas prescrevendo anabolizantes. Para sustentar a atividade econômica, incentiva ao máximo o consumo. Mas isso tem um limite. As famílias estão endividadas e a inadimplência só cresce”, avalia.

Segundo ele, ao contrário do que dizem os governantes, a turbulência financeira que sacode o mundo será duradora, e o Brasil não passará incólume.

“Não sei se durará 10 anos, como disse recentemente o economista-chefe do FMI (o francês Olivier Blanchard), mas certamente vai levar um tempo bem longo”, diz.

Recessão

Fabrício Oliveira também não descarta uma recessão. “No ano passado, o Brasil cresceu 2,7%. Para este ano, o Banco Central fala em 1,6%. Mas, diante do atual cenário, se chegar a 1% já estará de bom tamanho”, disse.

Conselheiro do Conselho Federal de Economia, o professor Wilson Benício Siqueira também vê os indicadores com preocupação.

“Nos últimos anos, a participação da indústria no PIB caiu de 27% para apenas 15%. Isso mostra que a crise global é séria e que o Brasil precisa parar de agir como uma criança birrenta”, afirma.

Para ele, são urgentes mudanças na lógica tributária, na infraestrutura e no sistema de ensino brasileiro. “Não dá para caminhar com estrada meia boca, sem ferrovia e com elevados índices de corrupção. PSDB e PT brigam, mas nenhum foi capaz de fazer as profundas reformas necessárias”, disse.

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