(Javier Soriano /AFP)
MADRI - A economia espanhola, possível candidata a um novo plano de ajuda europeu, continua enfrentando sombrias perspectivas, marcadas pelos efeitos das draconianas políticas de austeridade, que impedem o país de sair da recessão, elevam os preços e derrubam o consumo.
Depois que o presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy, afirmou na segunda-feira (29) que "no momento não é imprescindível" para a Espanha solicitar uma ajuda financeira a Europa, os números publicados nesta terça-feira (30) recordam as dificuldades do país.
A recessão continuou no terceiro trimestre, apesar de menos intensa, com um retrocesso de 0,3% do Produto Interno Bruto (PIB), contra 0,4% no trimestre anterior, segundo dados provisórios do Instituto Nacional de Estatísticas (INE).
O resultado é um pouco melhor que o previsto pelo Banco da Espanha, que esperava um recuo de 0,4%. No entanto, em ritmo anual a contração foi de 1,6% no trimestre, superior às previsões do governo de 1,5% para este ano. Este é o quinto trimestre negativo seguido para a economia espanhola, que no fim de 2011 voltou a cair em recessão, menos de dois anos depois de ter saído de uma contração.
A quarta economia da Eurozona, que tem índice de desemprego de 25%, registrou no primeiro trimestre uma queda do PIB de 0,3% e de 0,4% no segundo. Em um grande esforço Para reduzir o colossal déficit público a 2,8% do PIB em 2014, contra 9,4% em 2011, a Espanha adotou um programa de austeridade para economizar 150 bilhões de euros (194 bilhões de dólares) multiplicando os cortes orçamentários e os aumentos de impostos.
Mas segundo os analistas, as medidas de austeridade apenas atrasam a recuperação econômica do país, em crise desde a explosão da bolha imobiliária em 2008. O próprio governo conservador de Rajoy está resignado e prevê a continuidade da recessão em 2013, com uma queda do PIB de 0,5%.
Em um país com um em cada quatro trabalhadores desempregado, as políticas de austeridade provocam uma forte crise social e desastrosos efeitos sobre o consumo: entre 2007 e 2011, as residências espanholas reduziram os gastos em quase 8%.
Em setembro, as vendas varejistas caíram 10,9%, a queda mais intensa desde o início da série estatística em 2003. Ao mesmo tempo, a inflação seguiu em alta em outubro, com avanço de 3,5% em ritmo anual, mesmo nível registrado em setembro, quando entrou em vigor o aumento do IVA, segundo dados provisórios do INE.
Ao afetar a inflação, o aumento da IVA tem também um efeito perverso: segundo a lei, o governo deve reavaliar as pensões em novembro em função da inflação, o que pode custar 3,5 bilhões de euros e ameaçar a meta de redução do déficit.