A Eletrobras fechou 2012 com 74,8% do orçamento de R$ 12,3 bilhões executado, o equivalente a R$ 921 milhões. O porcentual - inferior aos 81% registrados no ano anterior - decepcionou especialistas. Eles alertam que companhia terá a sua capacidade de investimento reduzida daqui para a frente pela antecipação da renovação de concessões em 2012.
"O porcentual piorou um pouco. Seria desejável que esse nível fosse mantido acima de 80%", avaliou o diretor da Coppe/UFRJ, Luiz Pinguelli Rosa. Ele lembrou, porém, que, diferentemente da Petrobras, que está livre de algumas amarras por ser uma empresa de capital misto, a Eletrobras enfrenta dificuldades próprias do setor público para tocar seus projetos.
A companhia informou que não conseguiu executar um valor maior devido a atrasos em licenças ambientais e ações judiciais.
Num ano em que o País voltou a conviver com o risco de "apagão", o setor de geração foi o que teve menor porcentual de execução na Eletrobras: 62%. Devido ao baixo volume de chuvas nos últimos meses e à consequente redução do nível dos reservatórios, voltou-se a temer no País a possibilidade de um racionamento como o que ocorreu em 2001.
Em outros segmentos, porém, a Eletrobras teve um desempenho superior. A estatal investiu R$ 3,41 bilhões em transmissão (85% do total) e R$ 1,04 bilhão em distribuição, 87% do previsto no orçamento.
Para Pinguelli, o sistema Eletrobras não deve sofrer fortemente com perda de receitas no curto prazo, uma vez que está sendo ressarcido pelo governo pela antecipação da renovação da concessão de ativos, ocorrida no ano passado. Ele ressalta, porém, que os impactos na capacidade de investimento serão sentidos nos próximos anos.
"A Eletrobras reduziu muito o seu fluxo de caixa, sua receita. Isso envolve as empresas Chesf, que foi a mais atingida, Furnas e em menor escala a Eletronorte", disse Pinguelli. O desafio, segundo ele, será a estrutura das subsidiárias para o novo cenário, sem comprometer quadros estratégicos.
Na avaliação do diretor da Coppe, o risco de um novo apagão está descartado, especialmente pelos investimentos em grandes usinas hidrelétricas no País. De acordo com a Eletrobras, parte dos recursos desembolsados em 2012 foi para projetos por meio de Sociedades de Propósito Específico (SPE), que tocam empreendimentos como os das usinas do Complexo do Madeira, de Belo Monte e o linhão Tucuruí-Macapá-Manaus.
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