(Frederico Haikal)
Não é exagero dizer que o empresário Elias Tergilene é o rei do varejo popular. Nascido em Carlos Chagas, no Vale do Mucuri, ele já foi vendedor de esterco, camelô e serralheiro. Mas hoje está no comando do Grupo UAI, rede de shoppings populares criada por ele em Minas Gerais e que vem se espalhando pelo país. “Gosto mesmo é de fazer negócios com a base da pirâmide, porque falo a língua dos mais pobres”, costuma dizer.
Atualmente, são quatro espaços em funcionamento: UAI Shopping Centro, em Belo Horizonte; UAI Shopping O Ponto, em Venda Nova; UAI Shopping São José, em Manaus; e UAI Shopping Agamenon, em Toritama, Pernambuco, o primeiro shopping escola do mundo.
Atualmente está em construção a Cidade das Compras, no Agreste Pernambucano, que ele pretende transformar em um dos maiores complexos do Brasil.
São Paulo
E um passo maior acaba de ser dado: o Grupo UAI ganhou a licitação para a gestão da Feira da Madrugada, no Brás, em São Paulo, o maior shopping popular do país.
A vigência do contrato será por 35 anos, com um valor estimado de R$ 1,5 bilhão. O empreendimento será administrado em parceria com outras duas empresas que compõem o Consórcio SP, o Fundo Talismã e a RFM Participações LTDA.
“Estamos ansiosos para colocar em prática as ações de empreendedorismo social e capacitação empresarial para os feirantes”, diz. Tergilene afirma que quer conhecer as necessidades de cada um deles e focar no combate à pirataria.
Para ele, o brasileiro tem sangue de empreendedor. “É só preciso uma injeção na veia de conhecimento e oportunidade”, afirma o empresário, que sonha em construir um shopping popular na Favela do Alemão, no Rio de Janeiro. “O projeto é muito bacana. Pena que a coisa está parada na prefeitura”, diz.
A palavra recessão não tem espaço no dicionário do empresário, que concluiu o ensino médio, anos depois entrou na faculdade de Administração, mas desistiu logo no primeiro semestre por causa da falta de tempo e do cansaço. Tanto é que o grupo planeja encerrar 2015 com R$ 600 milhões de investimentos na rede UAI.
“A gente até sente a crise, mas não aceita. A gente vence ela com trabalho, geração de riqueza e renda”, afirma Tergilene.