As declarações do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que sinalizou nesta terça-feira (13) com o aumento de impostos e tarifas, desagradou aos empresários e foram vistas por economistas como ações dolorosas, mas previsíveis. A avaliação é a de que o perfil ortodoxo da nova equipe econômica deu previsibilidade ao governo Federal, e que outras medidas deverão ocorrer nas duas frentes já atacadas pela União: corte de despesas e aumento de receitas.
O presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg)e do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais (Sebrae Minas), Olavo Machado, classificou a decisão como um engano. “Estamos indo para um caminho muito ruim. O governo deve ter austeridade com seus gastos para fazer ajuste fiscal. Aumentar imposto é dificultar que a iniciativa privada desempenhe seu papel. Espero que isso seja um engano”, afirmou.
O coordenador da faculdade Ibmec em Minas Gerais, Eduardo Coutinho, disse que diante da conjuntura atual, em que foram concedidos excessos de benefícios fiscais, realizados aumentos de gastos públicos, e com a economia quase parada, decisões nesse sentido eram inevitáveis.
“Estava na cara que o governo adotaria esse tipo de postura pelo perfil dos novos ministros. Aumentar receitas com aumento de impostos é fácil, o governo só precisar medir as decisões que terão menor dano do ponto de vista de atividade econômica e geração de empregos. Já o desafio de conter os gastos é mais complicado”, disse.
O vice-presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), Marco Antônio Gaspar, considera que aumento de impostos em uma economia que precisa crescer é uma “tremenda bobagem”. “Se ele estimulasse o crescimento, teria mais arrecadação. Tentar resolver o ajuste fiscal com a elevação de tributos é loucura”, afirmou. Para ele, a maior “maldade” anunciada pelo ministro refere-se à intenção de aumentar a tributação de 4% a 5% dos prestadores de serviços via empresas para a alíquota máxima de 27,5% do IR cobrada de pessoas físicas.
Professor e especialista em finanças públicas, Fabrício Augusto de Oliveira diz que a fala de Levy representa a receita amarga do novo governo: aumento de impostos e de juros, corte de gastos, geração de superávit e esfriamento da economia.
“Para acalmar o mercado, o ministro quer garantir a estabilidade das regras da economia. Mas se isso não for colado a um projeto de desenvolvimento, com diminuição do Custo Brasil e planejamento de como e onde se pretende ir, de nada adiantará”, afirmou. Para ele, mais uma vez o cidadão pagará a conta. “Até em voltar com a CPMF esse governo já pensou. É um caminho equivocado”, lamentou.