Empresas alcançam sustentabilidade com a produção de games

Marcelo Ramos - Hoje em Dia
04/08/2014 às 07:44.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:38

No início dos anos 1990, quando o PC começou a chegar timidamente aos lares brasileiros, uma boa parte da molecada que teve contato com o computador tinha como meta programar seus próprios jogos. Mas não demorou muito para perceberem que se tratava de um sonho distante, praticamente inatingível, pelo menos naquela época. Bom, hoje, trabalhar com games é uma realidade para uma parcela considerável de brasileiros, graças ao barateamento de equipamentos e novas ferramentas de desenvolvimento mais amigáveis. Mas se há 20 anos fazer um game era uma brincadeira, hoje é um negócio que precisa dar lucro.   E fazer com que um game gere receita não é fácil. Pelo menos é o que explica o diretor de Tecnologia da Smyowl, Maurício Alegrette. A desenvolvedora de jogos do interior de São Paulo está no mercado desde o início de 2012 e já soma mais de um milhão de downloads do game Bottom Soccer, que em uma tradução literal nada mais é do que o popular futebol de botão.   “O negócio precisa se sustentar. Não basta publicar um jogo: é necessário que seja uma fonte de renda. E para conseguir com que um game dê lucro é preciso ficar atento à estratégia de mercado. Muitas vezes, é necessário alterar o modelo de monetização no meio do desenvolvimento, pois nem sempre a ideia inicial é a mais adequada”, explica o executivo, que tem cinco novos títulos em fase de finalização.   E as dificuldades para reverter o investimento no desenvolvimento dos títulos não é exclusividade das empresas jovens. Grandes selos, como a Gameloft, gigante francesa especializada em jogos para dispositivos móveis, garantem que não é raro que um jogo gratuito seja mais rentável que um pago.   “Games pagos demandam um desenvolvimento muito caro e que podem demorar para recuperar o investimento. Já os games gratuitos são mais simples de produzir e pelo volume de usuários se consegue receita com micro transações”, explicou o gerente da Gameloft no Brasil, Felipe Sartori, durante um workshop de desenvolvedores de conteúdo para Windows Mobile, em São Paulo. Para se ter uma ideia, o game “Meu Malvado Favorito: Minion Rush” é um dos maiores sucessos da empresa, com 15 milhões de downloads. Apesar de a empresa não revelar o faturamento, o game é um sucesso de receita.     Dinheirinho   E as micro transações se tornaram uma das palavras-chaves no mercado de jogos. O conceito tem como base a oferta de conteúdos extras dentro de cada game, que podem ser créditos, poderes, armas, roupinhas, e uma série de quinquilharias virtuais que oferecem vantagens aos jogadores dentro dos joguinhos. No entanto, Alegrette explica que as microtransações ainda estão longe de ser uma receita infalível.   “No Brasil e no restante da América Latina, esse modelo ainda não rende resultados. Por outro lado, na Europa e Estados Unidos o uso do cartão de crédito para pequenas transações é trivial. Eles utilizam o cartão para tudo, enquanto por aqui ainda há receio. Acredito que a melhor solução para quem quer atingir uma grande massa é oferecer títulos híbridos, que podem ser pagos em determinados mercados e gratuitos em outros. Mesmo assim, o Brasil é um mercado promissor devido à relação que o brasileiro tem com o celular”, analisa Alegrette.

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