Empresas de energia encolheram até 59%

Tatiana Moraes - Hoje em Dia
29/09/2013 às 08:12.
Atualizado em 20/11/2021 às 12:52

Depois de terem o valor de mercado jogado por terra em decorrência da Medida Provisória (MP) 579, convertida na Lei 12.873, as companhias de energia brasileiras continuam sem perspectivas de recuperação no curto e no médio prazos, segundo analistas. A lei virou o setor de cabeça para baixo ao prever que as concessionárias renovassem antecipadamente as concessões das usinas que venceriam entre 2015 e 2017, mediante redução nas tarifas.    Com as tarifas mais baixas, o valor de mercado das elétricas foi reduzido drasticamente. A Eletrobras foi a empresa que mais sofreu. Entre agosto do ano passado – pouco antes de a MP entrar em vigor – e o mesmo mês de 2013, o valor da empresa na Bovespa foi reduzido em 59,1%, despencando de R$ 19,1 bilhões para R$ 7,8 bilhões. A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) também amargou forte queda no seu valor de mercado, passando de R$ 27,8 bilhões para R$ 18,1 bilhões, recuo de 34,9%.    No caso da Eletrobras, o fato de a estatal renovar as concessões de todas as usinas que estavam próximas de vencer foi a principal razão para a retração no valor de mercado. A queda da Cemig, por sua vez, foi motivada pela fuga em massa dos investidores estrangeiros, que não ficaram nada satisfeitos com as intervenções governamentais. “O investidor estrangeiro é absolutamente avesso às imposições de governos. Essas mexidas causam forte instabilidade”, diz o gestor de Investimentos da Picchioni Corretora de Valores, Paulo Amantéa.    Com a instabilidade do mercado, muitos investidores ficaram com medo de amargar prejuízos ainda maiores e venderam os papéis às pressas. Para se ter uma ideia, a ação da Cemig, que em março de 2012 valia R$ 28,70, registrou mínima de R$ 16,30 no auge da turbulência que se abateu sobre as elétricas, queda de 43,2%. Novamente, a Eletrobras registrou a pior baixa, com mínima de R$ 6,20, depois de registrar R$ 21,20 em março, recuo de 70,7%. “As ações começaram a se desvalorizar em março, quando os burburinhos das alterações começaram”, diz Amantéa.    Investidores seguem em compasso de espera   O gestor de Investimentos da Picchioni Corretora de Valores, Paulo Amantéa, não acredita em uma recuperação no médio prazo – como têm anunciado as companhias ao divulgar os planos de compensação da Lei 12.783, que alterou as regras do setor.   “As empresas estão sofrendo para manter bons resultados”, testa o presidente da Associação Brasileira das Empresas Geradoras de Energia (Abrage), Flávio Antônio Neiva.   Para Amantéa, os investidores só voltarão às elétricas, como ocorria antes, depois que o setor se acertar por completo. “Não é porque as companhias anunciam que irão adquirir ativos que os investidores voltarão correndo. É necessário que o setor fique estável”, diz o gestor.    Segundo o presidente do Instituto Mineiro de Mercado de Capitais (IMMC), Paulo Ângelo Carvalho de Souza, as empresas terão que se desdobrar para apresentar resultados melhores.    “Além disso, a economia deve crescer a passos largos para que o cenário do setor melhore. “Economia aquecida é sinal de consumo energético em alta. É disso que precisamos”, avalia Souza.

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